20 October 2009

Mar no vilarejo

Outro dia li num blog, de um amigo virtual, que a escrita é a (nossa) possibilidade de falar sem ser interrompido. Achei isso maravilhoso. Toda vez que me entrego ao ato de escrever, o faço com prazer, e, abandonada ao meu deleite, em meu canto, teclo, teclo, penso, teclo de novo, e vou tecendo novas tramas, nesse universo mágico que une palavras e forma novas texturas.

E especialmente hoje, em homenagem ao aniversário de minha amiga espirituosa como a Mafalda, para mim, simplesmente Maga,  que encurtei de Magalhães, seu sobrenome pomposo, igual ao daquela família que domina todo o estado da Bahia, resolvi escrever minhas impressões sobre Mucuri, pedaço e fim do estado baiano que, enfim, é totalmente de domínio dela, desde que partiu da Soterópolis, em abril de 2008.

A cidade fica a 912 km de Salvador, que contabilizando em horas, dá uma média de quase trezes horas de viagem de ônibus. Eu, como estou muito (bem) acostumada com distâncias tão 'razoáveis', no final das minhas férias, em janeiro de 2009, me aventurei estrada abaixo rumo à Mucuri,  mas antes, e mais precisamente, cheguei primeiro no 'Texas', apelido charmoso para Teixeira de Freitas, tida como a capital para os mucurienses, devido ao seu amplo comércio e terminal rodoviário que oferece destinos diversos, mais ainda para as cidades do estado do Espírito Santo, já que Mucuri é tida como a última cidade da Bahia, e bem próxima aos capixabas.

Ou seja, antes de chegar na Vila, tem que se chegar ao Texas e enfrentar mais uns 45 minutos de estrada, toda ela arborizada, reflorestada e adaptada ao estilo 'suzaniano' de crescer.

Dados geográficos postos, preciso falar sobre o que Mucuri me revelou e me marcou. Pra começar, o óbvio. Não teria chegado até lá, se não tivesse minha Mana do coração fincado seus pés e sonhos profissionais nessa terra, que tem mar como quintal de um lado, muito verde de todos os outros, uma areia branquinha e um gostinho de veraneio, permanentemente.
Confesso que queria ter achado a cidade uma lástima, para quem sabe, ajudar a remover a ideia de Maga, de ficar por lá. Mas, que nada. Amei o ar mucuriense, os moradores, a vila tão pequena e tão repleta de vida. Amei passear com Ateninha, minha afilhada, e com minha doce Ró, mãe que me adotou desde que entendeu que eu sou apaixonada por toda a sua família.

Vivo me perguntando se escrevo para chorar mais ou para me fazer recordar de cheiros e lugares recheados de afetos e pessoas tão queridas, mas tão distantes fisicamente de mim. Acre, Vitória da Conquista, Rio, Mucuri. Em cada canto, uma saudade diferente, entre melancolias e alegrias, preciso revelar que me sinto melhor perto de todos eles...queria poder reunir todos num só lugar, noutro país, quem sabe?

Isso, seria muito divertido: poder ficar mais próxima de quem me faz bem, para curtir mais e mais emoções novas e prazeres simples, como jogar conversa fora, rir de histórias antigas, repetitivas, que já nem tem mais tão graça, mas que são boas de serem narradas de novo.
 

Conhecer as outras vilas, sabores das moquecas dos restaurantes charmosos e coloridos, comer bolo quente com café, assistir novelas, contemplar o céu com estrelas, jogada na rede ou no sofá, o nascer da lua, o pôr do sol, ou simplesmente ouvir os grilos cortarem o silêncio da noite. E ainda assim, restar mais prosa boa para a manhã seguinte.

Tudo isso foi vivido em Mucuri, e ficou marcado em mim. Maga, querida. A cidade é cheia de graça, e rende muitas histórias, para  sua vida inteira. E se rendeu, creio que desde o primeiro dia que lá chegou, aos seus encantos, talento e poesia. E eu volto aí, para caminhar ao entardecer, curtir a noite dos amigos, às quartas-feiras, e quem sabe, conviver mais com as pessoas das casas A, B ou C.

Então, de presente, para minha amiga aniversariante e para Mucuri, escolhi Vilarejo, canção de Marisa Monte, e letra de Carlinhos Brown, que devem ter se inspirado nessa terrinha.

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
(...) Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for...

7 comments:

  1. Esqueci de acrescentar que Mucuri fica bem perto de Porto Seguro, outro paraíso, que em outros tempos, me fez muito feliz...é assim, uma viagem, puxa outra...risos

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  2. E que relatório de viagem hein "Nana" ? (aniversariante do dia!!)
    Desse jeito, Mucuri que nos aguarde no próximo verão...
    Amei mana!vc, sempre fiel às suas impressões e expectativas..sempre achei que a sua amizade com Nana era assim,simples,doce,serena...Parabéns p/ ela também,esse encanto de pessoa,que também conquistou a todos nós!

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  3. Juba, tô estreando no seu blog. Amei!!! Ler o que vc escreve é sentir vc mais perto.
    Saudades, viu amiga. beijão, vou ficar "freguesa"!
    Paty

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  4. Paty, vamos viajar juntas ainda....então, quando será o amanhã? Volte sempre! Beijão!

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  5. Ju, vc deveria ganhar medalha da Bahiatursa.. Tá ajudando a promover o turismo no estado...rs... mas o melhor é passear pelas suas confidências. Bj.

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  6. Oh, tô chorando... Lindo, Juba! Mucuri City ficou até mais bonita depois desse relato. Venha sempre, sabe que onde estiver tem lugar pra vc. Bjs,

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  7. Gica, a Bahia tem muita lugar bom pra se divertir...basta aventurar-se!
    Maga, você agora é blogueira, também...vamos lá, quero ler novidades, semanalmente! Um beijo nas duas amigas, muito queridas.

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