A parte 2

Descobri que tenho todo um ritual para começar a escrever. Geralmente o faço após checar as últimas mensagens em meus três e-mails, moderar comentários, visitar meus amigos blogueiros, me alimentar, colocar a roupa na máquina para lavar, tomar um banho. A televisão fica sempre ligada, o ventilador também, e nesse climinha, por fim, consigo me despir de compromissos outros e descansar na escrita! Farra das minhas palavras projetadas...

Essa viagem, tão (bem) comentada, que me rendeu vários contextos e histórias emocionantes, está hoje guardada nesse espaço aqui, e também nos muitos corações dos meus parentes lindos, atrapalhados, divertidos e barulhentos.

Senti falta de alguns, por lá: Meu Mano Val, que não levantou poeira conosco, minha sobrinha Cacau, que valeu ter ficado, pois fez as últimas provas e "passou de ano" (expressão escolar mais macabra que existe), da Véa Loura, que baba muito por Joshua, outra gostosura que poderia ter aproveitado os dias de sol e o pula pula, lá, em Copacabana. Lalá, AnaLu, TiCleide...todos enfim, estiveram em nosso imaginário, sim.

Mas é verdade. Já disse algumas vezes que o Rio exerce uma espécie de fascínio em mim. Por mais que a mídia exponha casos e casos de violência abusiva, percebo e sinto a paz, em toda a cidade. E pelo que vejo nas ruas, pela quantidade de gente se divertindo, se exercitando ou simplemente caminhando rumo ao arpoador... penso que também não percebem o lado trash, definitvamente.

E, após relatar os percalços da viagem, preciso descrever o cenário dos dias que se seguiram quando, enfim, invadimos, literalmente, todos os compartimentos do apartamento 801, situado num prédio na Dias Ferreira. Eu poderia começar comentando sobre os telefonemas diversos entre outubro e novembro, trocados com ela, que me pedia opinião sobre como dividir os espaços para comportar todos muito confortavelmente.

Linda, criativa e ansiosa como é, não se conteve e fez de fato um mapa, e ainda escreveu em maiúsculas: SUJEITO A ALTERAÇÕES! Nele, planejou a divisão por núcleos das famílias, ou por afinidades: jovens de um lado, mais velhos de outros, casais em lua de mel, mais privadinhos...pensou até como seria se separasse os banheiros por gênero.

O cardápio, diferente e original a cada dia, excluiu comidas pesadas, porque confessou ter tido receio dos "piripaques", e assim atacar a flora intestinal de algum ou de todos nós... realmente ia ser um problema! Na sala, um serviço a la restaurante self service, com rodízios de saladas, petiscos e novidades a cada duas horas...não posso deixar de citar uma geladeira reciclada, para prover os sedentos de refrigerantes e, claro, da cerva geladíssima. Nunca vivenciei nada igual, mesmo já tendo estado com grupos maiores no Yôga ou nas viagens da Ong, aquela que tanto sinto falta em meus dias.

Fato é que tudo foi minuciosamente pensado e executado, até a primeira dormida: sumiram os 22 travesseiros e seus respectivos pares de fronhas e lençóis, tudo ficou fora de 'ordem', e no final das contas, o mapa também sumiu e nem fez mais sentido, porque quando existe intimidade e simplicidade juntos, num espaço, a formalidade vai pro brejo e o que era inadequado vira perfeição. Essas invenções criativas e engraçadas são dela: uma baiana muito carioca, que eu morro de pena de quem não a conhece.

Tanto carinho assim, numa pessoa tão especial e fascinada pela família, possui um nome, aliás dois nomes: AMOR e GENOROSIDADE, que num terceiro encontramos o mais perfeito: LOLA.