9 January 2010

No cais


Escrever me dá um certo alívio. Aliás, me preenche. Creio que as duas coisas juntas. Quando penso demais, ou sinto demais, preciso da escrita para dosar os meus chacras, para me equilibrar.

Acordei com uma vontade de estar longe, longe desse porto, que nem seguro é. Salvador se tornou pequena, tosca, repetitiva, sem emoção.

O festival de verão é tão comum. O carnaval, seus trocentos camarotes e blocos, tudo tão igual. O que me importa quanto mede a cintura da rainha do axé? O que me adianta saber sobre sua nova rotina pós parto? O que me interessa a vida dos outros?

Eu quero só saber de mim. E queria viver novas coisas. Ser surpreendida. Estar encantanda. Morar num espaço  (ainda) mais plural.

Não culpo a cidade. Muito menos Lula, Obama ou Deus. Não culpo absolutamente nada. O defeito reside numa tecla interna, a de querer sempre mais, de 'um não contentar-se de contente' (como musicou Renato Russo). Isso pode ser descrito com outro nome: solidão.

Me sinto só. Só isso. Tudo isso. E aqui, nessa cidade que sobe e que desce ao som da maré, me vejo cada vez mais só. Nesse lugar programado para carnavalizar tudo. Isso me cansa. Me exaure.

Desejos imediatos? Praia com amigos. E que nenhuma melancolia se aproxime de mim, em dias tão azuis.

Acho que preciso de um cachorro. E de viagens, óbvio.

4 comments:

  1. Antes de comentarem, lembrem que sou assim: ora boiando, ora nadando, ora mergulhando. No cais, fico só uns minutos.

    ReplyDelete
  2. Só tenho uma pergunta a se fazer: Será que nenhum outro mortal nunca se sentiu assim? Será que a "solídao" é privilegio só de algumas pessoas? Não, claro que não!! Todos que vivem nesse mundo, tão progamado, está sujeito a se sentir só em algum momento da sua existência. O ser humano ele não tem a capacidade de gostar de tudo e de todos sempre, tudo isso que voce ta sentindo, é natural, eu também ja me senti assim mts vezes. Mas hoje eu tava lendo um revista e tinha uma reportagem nela q dizia assim:

    "Não há quase nada que o sol e um mergulho nao curem. Tire férias de todo esse tempo que passou querendo compreender o sentido das coisas. Elas não tem o menor sentido".

    Bjuss Tia..Bom fds, com direito a mt sol e boas novas.

    ReplyDelete
  3. Sei o que é isso, esse vazio, essa chateação com o mundo, essa vontade de que algo muitíssimo maior aconteça. Não adianta mudar de cidade, de par, de emprego... Essa necessidade chama-se "maternidade chamando".
    Hoje não sinto mais nada disso, pois sei que há alguém esperando por mim.

    ReplyDelete
  4. JU, VC É REALMENTE ALGUÉM ESPECIAL. N CONHECIA ESTE SEU LADO ESCRITORA... EU TB GOSTO MUITO DE LER E ESCREVER.
    SOU DE SALVADOR E HÁ ALGUNS ANOS MORO EM RUY, POR OPÇÃO NO INÍCIO, MAS DEPOIS POR CIRCUNSTÂNCIAS. MUITAS VEZES ME SENTI PÉSSIMA POR ESTAR MORANDO AQUI, MORRENDO DE SAUDADE DA MINHA FAMÍLIA, DA QUERIDA PRAIA E DA NOSSA LINDA CIDADE. MAS HOJE JÁ N SEI SE QUERO TANTO VOLTAR, A VIOLÊNCIA ASSUSTA-ME MUITO.
    VC FALA Q AÍ N ESTÁ TÃO BOM P VC, JÁ N ACHA Q SALVADOR É O SEU LUGAR ENCANTADO E ISTO MAIS UMA VEZ CONFIRMA UMA TEORIA - O Q IMPORTA N É O LUGAR, MAS AS PESSOAS Q ESTÃO C VC E PRINCIPALMENTE, A COMPANHIA MAIS IMPORTANTE E Q NUNCA NOS DEIXARÁ SOZINHOS - JESUS CRISTO:O MELHOR AMIGO!
    ALGUMAS VEZES ME QUESTIONO - ONDE ESTARIA SE N ESTIVESSE CASADA, SENDO MÃE E MORANDO EM UMA CIDADE DO INTERIOR... TALVEZ EXATAMENTE ONDE VC ESTÁ AGORA!
    A FELICIDAE N ESTÁ EM LUGARES OU EM PESSOAS, MAS EM LUGAR ESPECIAL DENTRO DE NÓS E PARA A ENCONTRARMOS, PRECISAMOS DE UMA AJUDA MUITO ESPECIAL - A AJUDA DO NOSSO CRIADOR, Q NOS AMA INFINITAMENTE E NOS QUER VER FELIZES.
    N FALO EM RELIGIÃO, MAS DO AUTOR DA VIDA. BUSQUE-O DE TODO O SEU CORAÇÃO E PERCEBA A DIFERENÇA DESSE ENCONTRO NA SUA VIDA - VC NUNCA MAIS SERÁ A MESMA, VIAJANTE.
    FICA C DEUS.
    BJ,
    CRISTINA ALÊ.

    ReplyDelete