24 April 2010

Os dias não são iguais

Foi quase uma aventura, não fosse o objetivo maior desse passeio-trabalho, num local distante da minha nova morada, cerca de 50km, que descrevo como sendo feito de uma extensão de estradas de curvas sinuosas, de terra vermelha, encostas altas, e uma vista pra lá de verde, com cachoeiras cercadas de pedras e muitos "turistas" da região sudoeste.
Fiquei intrigada com a mudança de rumos. Antes, estava sempre na linha verde, em direção às praias mais badaladas próximas da soterópolis. Agora, cá estou, vivendo com prazer as novidades de Barra do Choça, num hotel fazenda charmoso, de casinhas coloridas (um novo Pelourinho?), com aproveitamento de energia solar em telhas transparentes nos banheiros, paredes decoradas com garrafas de vidro, que só pela reutilização, imagino terem sido consumidos muito litros de vinho tinto, em noites e noites de serenatas ao luar.
E no hotel, tudo de uma simplicidade sem igual, com um café da manhã nordestino delicioso, com diversas opções entre bolos, pães, sucos, frutas, biscoitos, etc, etc...
Até então a programação era um mistério. O chefe nos pediu que levássemos nosso plano de ação do segundo semestre, notebook, e roupas leves. Sugeriu também um tênis bem 'surrado' para a caminhada, programada para as seis da matina. 
E foi difícil a arrumação dos meus pertences. Viajante que se preza, que sempre usou mala vermelha, precisava então adquirir logo uma mochila, com rodinhas (claro), mais adequada à viagem  de um dia e meio, com o meu novo grupo da faculdade. Assim decidi fazer.
A véspera já foi muito divertida, quando eu e outro colega montamos os itens a levar pelo msn. Dormimos mais de meia noite, tamanha a ansiedade, creio que mais minha do que dele.
E na saída, quando estávamos nos dividindo nos carros, notei a presença de um apunhado de cordas e pelo fato de ele ser profissional de educação física, fiquei logo assustada. Me imaginei tendo que fazer trilhas, pular de árvores, escalar montanhas, mais um montão de roteiros ecológicos que minha mente perturbada pôde imaginar, numa fração de segundos. Ele, sorridente e espontâneo como sempre, entendeu logo a minha expressão de pânico e disse: "calma, essas cordas vivem aqui...não faremos uso delas não...". Ufa, que alívio!
Claro que eu não fazia ideia do que me esperava. Sabia que iria trabalhar muito, dada à minha experiência nessas propostas lá atrás, nos tempos da ong. Mas foi diferente. O ritmo, as pessoas, as dinâmicas. Me vi dançando uma dança indígena, todos em círculo, em formato de mandala, e depois uma irlandesa, ambas as danças cheias de simbologias, passos difíceis para pessoas com coordenação motora baratinada, exatamente como descobri que tenho, após esses momentos lúdicos e pra lá de engraçados.
Sei que rimos juntos, trabalhamos muito, contra o tempo, inclusive, porque de fato era muita coisa pra ser planejada. E a recompensa só poderia ser mais diversão, com uns forrozeiros incansáveis, a sempre quadrilha improvisada com os mais 'assanhadinhos', e vários enterros simbólicos a partir de frases queimadas na fogueira imensa, que nos aqueceu e ajudou a iluminar ainda mais a noite de lua crescente.
A manhã seguinte foi ainda mais inusitada: planos socializados em plenária, arrumação das bagagens, correria para o almoço à beira de uma piscina natural, situada num local inadequado para tráfego de carros sem tração nas quatro rodas, resultando em derrapagens e um susto danado. Pareço uma especialista de revistas de carros? Não. Ouvi isso e achei compreensível, tamanha a dificuldade na volta, quando tivemos que subir uma ladeira íngrime, que provocou a liberação de minha endorfina ao máximo. Unidos, empoeirados, e a pé, subimos, vencemos, chegamos ao asfalto.
Agora descansada, de cabelos lavados, estava ansiosa para narrar isso aqui, acreditando na possibilidade de vivenciar mais aventuras como essas, de tirar o meu fôlego. Viver vale a pena, enfim.

6 comments:

  1. Mana...eu fiquei aqui doidinha p/fazer parte desses dias de aventura...mas curti muito o fato de vc estar se enturmando com o povo do sudoeste, que é mutio acolhedor!Mas... vamos marcar mesmo, uma outra viagem p/ esse hotel fazenda...bj..parabéns Leu!!

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  2. kkkkk... muito bom, juba! vc narrou o q senti qndo vim desbravar meu mundo no extremo sul, isso pq é nosso mundo interior q é descoberto nessas aventuras, não acha? vivi sua aventura contigo nesse texto e quero saber os detalhes por meu novo tim, assim q conseguir carrega-lo..rs... bjks

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  3. Mana: voltaremos lá, muito bem acompanhadas, em climinha romântico...
    Maga: vou te ligar para a operadora, que não gosto de propagandear por aqui.

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  4. Tia Ju.. essa foto me lembra na verdade o "ramal" de entrada da ex-fazenda de vovó lah no Acre. Amei a crônica, muito bem escrita e divertida. Beijos

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  5. Ahahahah!!!!!
    Imagina essa pesoa urbana dançando em volta do fogo, em meio a trilhas lamacentas e carros atolados... Se n tivesse visto as fotos, não acreditaria.
    Só vc mesmo, JUjuba Verde.

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  6. Wol gostei muiito daqui
    belo texto,,..

    te segui!!
    se der passa lah!!

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