16 August 2010

A Angola agora tem o seu olhar!

Nossa, quanta felicidade! O Foi assim: está eufórico!! Parecendo criança em véspera de natal, quando descobre mais surpresas pela casa! 
Recebi por e-mail mais um presente, nessa semana que promete revolucionar esse espaço aqui. Novos viajantes estão adorando colaborar e conduzir os festejos do meu "filho", aniversariante!
Desta vez, leiam a narrativa recortada (e autorizada) do blog Diário de Angola do meu ex-chefinho, Humberto. Decidi retirar a formalidade adotada antes (sempre o chamava de Prof. Humberto), já que nossa relação de trabalho findou, e cá estamos nós, seguindo caminhos diferentes, mas conectados no mundo virtual.

Com vocês, abaixo o texto (re) publicado, na íntegra.
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Diário de Angola  

Narrativa de experiências em Angola vividas por um brasileiro.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
 
Amanhecendo



Aqui são seis e meia da manhã. O cacimbo que ainda tanto me fascina e intriga deixa tudo com um jeito meio fantasmagórico, difuso. Ao olhar em volta um desavisado jamais imaginaria que está à mesma altura da Bahia em relação à linha do Equador. Diferentemente do inverno de Salvador, com fortes chuvas, frentes frias e vento, aqui há permanentemente esta névoa, temperaturas amenas (ontem à noite fazia 21º), baixa umidade e nenhuma chuva. Um amigo contou que uma vez presenciou a troca do telhado de um escritório, o qual ficou duas semanas descoberto, neste período, porque os responsáveis tinham certeza de que não choveria. E não choveu. No último domingo pela manhã, na volta da caminhada, senti algumas gotículas de água no rosto. Pensei, é agora! Nada. A leve garoa durou pouco mais que um minuto e desapareceu como que por encanto. O tempo seco é outra novidade, já que de maneira geral costumava associar névoa e baixa visibilidade à umidade e àquela impressão de que as nuvens tinham descido até o chão. Antes das sete o movimento de carros ainda não é grande, mas basta abrir a janela e o ruído das grandes máquinas das construtoras invade o quarto. Luanda é um canteiro permanente de obras. Aqui perto do hotel, zona do Aeroporto, um giro de 360º mostra diversos grandes edifícios em construção em todas as quadras e olha que não estamos na área com maior índice de edificações novas. Próximo ao porto ou na parte Sul o ritmo é muitíssimo maior. Na direção de Luanda Sul, em especial, para onde a cidade cresce de forma ordenada e a passos de gigante, obra (belíssima) da Odebrecht, para onde quer que se olhe, condomínios residenciais e grandes edifícios dominam a paisagem. Há uma semana me perdi na volta de um evento, onze da noite. Ocorre em média duas, três vezes por dia (eu me perder, não os eventos) -meu senso de desorientação está a carga máxima por aqui. Cheguei à avenida marginal pelo Norte (simplesmente o lado oposto de onde deveria estar) e surpreso, face ao avançado da hora, passei por entre muitas dezenas de prédios e incontáveis caminhões e tratores em ritmo alucinante, trabalhadores à toda, refletores fortíssimos transformando a noite alta em dia claro, poeira que mal permitia ver além de poucos metros, em resumo, nada parecido com que se imaginaria para aquele horário. Ainda falando em construções e deslocamento da cidade, há poucos dias um colega me falou bastante orgulhoso (e de forma completamente compreensível na sua ótica) que toda aquela zona (Talatona, Luanda Sul) há poucos anos era “tudo mato, cheio de cobras”. Pensei na minha mulher, doutoranda de Meio Ambiente lá na terrinha e no que ela acharia do que foi feito com as pobres cobras e de quebra pássaros, roedores e demais ex-habitantes do lugar. Esta, entretanto, deverá ser (acredito) o próximo foco da comunidade local pressionada por cinco milhões de habitantes alocados num espaço previsto para um número bem menor. Tudo isto se traduz em problemas imediatos de infra-estrutura básica, saneamento e habitação que se refletem diretamente no cotidiano e saúde, clamando por soluções no curtíssimo prazo. Agora passa um pouco das sete, daqui a pouco começo no batente enquanto os meus dormem o sono dos justos, três e pouco da madrugada na nossa casa. Falei com eles antes de dormir ontem, como sempre faço, e as suas vidinhas maravilhosas continuam no mesmo ritmo. Os moleques bem na escola, a mulher trabalhando, construindo a tese, mantendo tudo em ordem. Eu, aqui, fazendo a parte que me cabe, orando e torcendo por eles. E escrevendo de vez em quando, que ninguém é de ferro.
By Diário de Angola.

2 comments:

  1. Luanda parece ser mesmo interessante e ainda muito carente...como já disse, essa pedagoga aqui, adoraria colaborar na área de educação! E nesse dia, a chuva vai cair, aposto!! Risos..adorei a narrativa! Abraço e boa sorte!!!

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  2. Esse espaço seu Ju é uma maneira de viajar por esse horizonte.
    A Angola... adorei conhecê-la atraveés daqui (y'

    Isabela . Kkkkkkkkkkk

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