8 November 2010

"...prestando atenção em coisas..."

Ainda não sei o resultado da prova que fiz hoje. Escrevi muito; páginas e páginas versando sobre um tema nada familiar. Estou aflita. Aflição, palavra bonita.
Enquanto o resultado não sai, espero, esperançosa.
Após a primeira provação, nada de táxi. Caro demais. Andei de ônibus, por quase uma hora e meia. Não me arrependi. Descobri a Maceió que não aparece nas dicas de "turismo pelo nordeste". Indico este tour!
No desembarque, desci na orla, Ponta Verde.
Andei a esmo, sem saber aonde estava indo, se chegaria ou não no endereço da minha amiga. Quarteirões imensos, com prédios lindões, todos baixos, com no máximo 10 andares. Me vi perdida, num labirinto.
Senti muito calor, com apenas 31 graus, num céu azul. Ele ao longe, continuava me observando. Era o mar, absurdamente azul piscina. Ou verde piscina? Ainda na dúvida.
Continuei andando, muito impressionada com a imagem linda demais, que parece um cartão postal. Sem dúvida, uma pirraça para os muitos que não podem usufruir de tamanha beleza, com dignidade;
Li muito pouco sobre os problemas sociais de Maceió. Mas é uma capital visivelmente dividida entre o paraíso e o outro lado do paraíso. Muita pobreza, muitas meninas-mamães solteiras, com bebês no colo, me pareceram que estavam brincando de boneca.
Fiquei assustada com as discrepâncias, com a natureza absurdamente exuberante, parecida com aquelas visões surreais que estampam uma revista de famosos; isso mesmo, aquela que sempre fala num tal castelo, e quando você vira a página, tem mais outra reportagem, de alguém fotografado 'espontaneamente' na Casa Pueblo, no Uruguai.
Mas, diferente dessa visão paradisíaca de lá, na costa leste daqui, nada de castelos, nem príncipes, nem glamour. Mortos, aos montes, banalizados, pelas ruas alagoanas. Minha amiga falou de uma onda de "limpeza" em toda a extensão da orla. Imagina ser isso real? Antes, eu também não imaginaria.
Enquanto espero, esperançosa, fico mais aflita.
Aflição, palavra bonita. Vai me perseguir hoje, assim como essas lembranças, de imagens boas misturadas com trocentas ruins.
A educação aqui, como em qualquer outro lugar, com muitas desigualdades sociais, parece ser 'a' saída.
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Adriana Calcanhoto iniciaria a música do título do post, exatamente como me sinto agora, meio perdida: "Eu ando pelo mundo..."

2 comments:

  1. O mais triste é que essas cidades litorâneas, quando fazem essa tal "limpeza", na verdade elas empurram a sujeira para ruas do interior da cidade ou mesmo para o interior do estado...

    No Brasil não há política de longo prazo, aliás, há, quando a situação no curto prazo fica totalmente impraticável. Duro isso num país tão bonito como o nosso...

    Enfim, quanto à prova, não se preocupe, sempre haverá provas mais difíceis, sempre haverá provas mais fáceis, é um ponto de passagem na vida, como qualquer ponto de ônibus... vc sabe! E no fundo, acredite q não poderia ter feito melhor, essa é a grande vitória! Pessoalmente, eu acho q vc passa!

    Bejo!

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  2. Oi Edu, que bom receber seus comentários, tão interessantes!
    Estou na 'batalha' diária, já na última fase...ontem tive 10 de média, pelos três da banca, em minha aula pública. Daqui a exatas duas horas e 20 minutos, saberei se o esforço teve êxito, embora eu já me sinta vencedora de ir até o final. Mas essa expectativa de corresponder às expectativas dos amigos é que me mata..(-:

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