20 January 2011

Gotículas da nova paquera

By Viajante (no caminho)
"É que quando eu cheguei por aqui,
eu nada entendi..."

Enquanto o taxista nos enrolava, mais uma vez, com seus roteiros ultra secretos, fazendo nossos olhos revirarem com raiva das cifras no taxímetro, essa canção não me saiu da cabeça.
Parece repetitivo mas, estando em Sampa, sempre fico cantarolando baixinho, tentando entender porque Caetano Veloso, tão baiano quanto eu, soube definir esta cidade tão bem.
Vai saber? Talvez a percepção sobre um novo cenário depende apenas das intenções e experiências do 'descobridor'.
Por exemplo, Pero Vaz de Caminha descreveu com riqueza e poesia as primeiras impressões sobre as terras brasileiras. Será que os tais escritos foram estrategicamente intencionais, visando glórias e riquezas para os portugueses? Sabe lá... nunca conversei com nenhum antropólogo ou historiador sobre o assunto, mas juro que essa dúvida me remete a outras tantas sobre a história do nosso país.
Em meu caso, bem diferente das intenções de Caminha ou do próprio Caetano, só me intenciona descobrir como um lugar me encanta, a ponto de querer degustá-lo.
Não é novidade a minha simbiose explícita pelo Rio de Janeiro. Já é amor faz tempo. Quanto a São Paulo, eu diria que estou na fase gostosa e necessária da conquista. Uma paquera e tanto, de longa data; minha memória anda fraquinha. Nem sei ao certo quando estive pela primeira vez na terra de Roger, vocalista do Ultraje a Rigor. Por falar nele, segundo o meu primo jornalista, ele cantou "nós vamos invadir sua praia", quando veio descobrir o Rio de Janeiro. Paulistas e cariocas, um embate bobo. Duas mega cidades, divertidas, com características peculiares com moradores passionais demais!
Pela lembrança, a primeira viagem pra Sampa, eu devia ter menos de quinze anos. Me lembro apenas do famoso parque "Play Center" um passeio na época, tão obrigatório quanto conhecer o bairro da Liberdade. Tempos depois, voltei algumas vezes, sempre na pressa, com compromissos da Ong ou em eventos ligados à Psicopedagogia.
De fato, em todas essas visitas esporádicas à Sampa, não me recordo de nada que me marcasse muito, a ponto de eu me despedir com uma saudadezinha boa no coração. Parecia destino obrigatório, nunca escolhido.
E nesta última vez tudo foi assim, digamos, diferente. Era como se eu tivesse me preparado para aceitar essa nova paixão com dignidade. O Rio ficou pra trás, como se soubesse que a boa filha à casa retornaria. E já me sinto em casa no Rio, mas com experiências paulistas na bagagem. Baiana pretenciosa, me tornei nessas férias, meu Deus!
O mais divertido e mais interessante foi compartilhar e perceber a cidade em companhia de três cariocas: minha tia e dois primos. Mesmo cada um com suas expectativas e pontos de vistas distintos, nos apaixonamos pela capital onde se concentra a avenida mais movimentada, larga e bela do Brasil. Na Paulista, com sua imensidão e prédios exuberantes e lojas de grife, me senti mais livre que nunca. Prazer, resumindo.
Nossa viagem aconteceu de repente, como toda paixão acontece sem estarmos esperando.
Nos hospedamos num Hostel, nome moderninho para albergues. Foi outra grande experiência inusitada. Pagar um preço mais justo, dividir espaços, utensílios,conhecer pessoas de todas as partes, arranhar o inglês e descansar na rede, enquanto a chuva insistia, fininha e suave. Tudo isso, em dois dias, foi muito bom de viver! Volto lá, certamente!
Desculpas...eu teria que publicar vários textos para narrar as descobertas e o que me afetou em São Paulo. Não consigo ainda. Talvez outro dia. Estou no Rio de Janeiro, e é certo que paixão, a gente vive uma de cada vez, do contrário a gente se embola, banaliza...
Por ora, só isso. Por ora, São Paulo me lembra concreto, trânsito de pessoas, de dinheiro, de carros. É linda, veloz, gigante, nervosa, intrigante, misteriosa, noite, dia, madrugada, cheia de vilas, comes&bebes, bares, e cheia de graça.

Re-humanizar ou Re-urbanizar? Eu Indico!
Exposição Museu Mário Covas 

13 comments:

  1. adoreeei ! já sou apaixonada sem mesmo conhecer. hhahhaa
    beijoos tiia e voooolta logo

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  2. É... São Paulo tem sim seus encantos. Confesso que a minha primeira ida a Sampa não me causou uma boa impressão. Mas sou assim mesmo... Algumas coisas não me encantam logo de cara. As outras vezes que estive por lá foram ótimas.
    Beijos Jú! Aparece.

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  3. Kikaaaaa... "feliz cidade" pra ti, nesta nova caminhada. o texto, para variar, nem precisa de comentário: é instigante, delicioso de ler, e motivante. Parabéns pra ti. Sucesso sempre.
    Beijos e felicidades nesta nova empreitada. Você merece.

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  4. Não conheço, nem tenho tesão por conhecê-la. Gosto de cidades à beira mar.
    Mas iria a SP pra ver o Museu da Língua Portuguesa, o Parque Ibirapuera, o bairro da Liberdade, a Rua 25 de Março... ops!
    kkkkkkkkkkk

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  5. Deu uma saudade... vou dizer, adoro o Rio, moraria lá fácil! Adoro cidades com praia, vagabundo que sou teria que arrumar uma profissão bem sussa pra passar uma parte do dia no mar! heheehe

    Sampa é horríel, mas eu amo! Saudade daquele caos desgraçado, cheio de trânsito, pessoas egoístas e mal educadas! Mas de sabores, cheiros, música e temperatura diversos, tudo misturado no mesmo dia!

    Que bom que gostou Ju! Espero que volte em um tempo que eu esteja por lá!

    Beijos!

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  6. Cacau, sua Tia já está voltando...calma, alma minha... bj

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  7. Pois comigo também 'foi assim' Luiz, demorouuuuuuuu pra eu gostar....risos..bj

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  8. Kikooooo...obrigada pelos elogios e também pela torcida...sei que é tudo verdade! Bj, querido!

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  9. Patiinha...pelo roteiro que quer fazer, creio que só não vai curtir a 25 de março...pensa nunma muvuca? Eu não a indico... bj

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  10. Oi, Eduuuuuu...a gente combina(rá)...mas aqui no Rio, tô como vc em NY: numa vidinha de fazer inveja a qualquer um: praia, cineminha, caminhadas na orla, baladas... advinha qdo me lembrei de vc? Sim, a cada caneca de chopp(: Bj

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  11. Entrei no seu blog por acaso e como paulistana e apaixonada também pelo Rio e pela Bahia, diria que é difícil se apaixonar por Sampa, afinal a beleza não é tão óbvia assim como nesses outros dois lugares. Para gostar de Sampa não se pode procurar a beleza natural e sim tentar achar em seu concreto algum encanto. É daquelas paixões que acontecem devagar...Parabéns pelo seu relato!

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  12. Olá Marisa! Que bom que gostou...volta sempre! Um abraço!

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  13. Estarei brevemente indo para o Rio de Janeiro.
    Se quiser lá terá um lugar sempre.

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