6 June 2011

A Bahia está aqui

"...baiana é aquela, que entra no samba de qualquer maneira..."
Que alívio. Achei que além do sotaque alagoano, haveria de me acostumar com os dias sem acarajé, sem azeite de dendê. Mas ainda moro no nordeste. Lembrar disso me consola, muitas vezes, embora pensar que um dia morarei no sudeste me anima, outras tantas. Voltando ao acarajé, hoje degustei esse manjar dos deuses baianos, e parecia degustação mesmo. Desafiei a 'falsa baiana*', que não dispõe de um tabuleiro, mas um quiosque, que não usa roupa branca, muito menos uma saia rendada. Provoquei ela, com olhar desconfiado, dizendo que iria provar para descobrir se o seu acarajé era mesmo tão bom, e parecido com o da Bahia, como os amigos me disseram ser. Ela sorriu, meio sem ânimo para disputas. Ainda assim, me serviu com prazer. No primeiro pedaço da fritura macia, crocante e quente, senti um misto de alegria com saudade. Esqueci do embate quase travado. Um filme imenso rodou em minha cabeça. Me lembrei das incontáveis vezes que saboreei o dito cujo em Salvador. Passeei pelos lugares, cenários, fins de tarde, inícios de noite, dias quentes do verão, nas barracas de praia que nem existem mais pela orla. Lembrei de um namorado que tive, que amava me levar pra comer acarajé. O convite vindo dele era praticamente uma convocação. Nunca recusei. Ele sabia o quanto gosto de coisas simples, como me lambuzar com os suculentos e cheirosos recheios moles e coloridos do acarajé, que misturam os sabores do camarão seco, do feijão branco, do amendoim, da salada vinagrete e da delícia do quiabo. Se você leitor(a), estiver com fome, desculpas. Eu não estou com água na boca, agora. Enquanto escrevo, tento eliminar nas teclas, as muitas calorias adquiridas com esse lanchinho gorducho e nada light que me presenteei hoje. O engraçado foi parar para comer acarajé, logo após ter comprado roupas de ginástica. Se me sinto culpada? Não. Aliviada, por saber que agora sim, posso buscar emagrecer sem ter que retirar a minha essência do cardápio. Já sei aonde a minha terrinha mora. Pra estar lá, posso até ir correndo...vai depender apenas do tamanho da saudade dos passeios memorísticos que o alimento me provoca, afinal, "eu sou filha de são salvador*".

*Música inspiradora do post: A falsa baiana, de Geraldo Pereira, interpretada por Roberta Sá.

5 comments:

  1. Assim realmente, não tem como se viver longe da Bahia. Mas tem mesmo que encontrar um acarajé que seja acarajé, sem misturas e sem "fru-fru", como já encontrei em Petrolina, que é servido com maionese (eca!).
    Enfim, é sempre bom quando encontramos uma forma de voltar aos lugares e sentir sensações que pensamos ter perdido. Parabéns. Só não esquece da sua terrinha tá?

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  2. Ju, qdo estive aí vendiam acarajé recehada com batata, nem carrinho de pipoca.
    Nem a pau que eu iria comer, né...

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  3. Larissa escreveu: "ah tia pois eu estou com fome...um acarajé ia tão bem agora. Aqui no norte não tem acarajé, tem só tacacá (pra quem não conhece é uma comida típica do norte). Sair da Bahia e continuar com os mesmos hábitos de comer o que quiser, é bom demais. porque meu pai quis vim pra tão longe dessas delícias???? Já queria ir em Maceió, depois dessa..estou esperando só o convite. Beijos Leu!"

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  4. Sim, eu estou com fome.
    Sim, eu estou com água na boca.
    Sim, eu vou comer um acarajé.
    Não, eu não vou me sentir culpada.
    E principalmente: Sim, eu adoro ser baiana!!!

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  5. Ai quem morra de inveja da gente, que se delicia com essas maravilhas da culinária baiana,sem passar mal("piriri")...Eh realmente gostoso o prato humm...e qdo vêm pequeninos num pratinho, acompanhados com uma "cervejinha" gelada!!ai, ai... saudades de vc irmã...

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