As casas são parecidas com suas donas.
Das comidinhas servidas, dos objetos de decoração, da louça que usam ao jardim de entrada. Visitá-las é condição obrigatória e voluntária em meus dias livres. Amo a companhia de cada uma. Quando estamos as três e seus respectivos filhos, ai, a vida lá fora nem tem sentido ou graça. Entre nós, diversão garantida.
Uma, dentista comprometida, persistente, atenta, cuidadosa dos dentes alheios. Cada viagem em seu consultório, aperto minhas mãos, peço para ir ao banheiro a cada meia hora, me contorço na cadeira, como se soubesse que ali sou sua presa, e só me cabe aceitar suas ordens, de boca aberta, e sem reclamar. Difícil. Por mais que eu confie, essa é uma tarefa quase impossível. Odeio injeções. Odeio barulhinho de motores. Odeio não poder falar, durante. Odeio os cheiros dos produtos, as cores dos objetos. Me resta aceitar esses duros momentos, agradecer quando posso expelir salivas diretamente no local indicado, e não via sugador, outra coisa que não suporto, e me levantar para fazer meu xixi acumulado, a cada meia hora. Mas tem suas compensações, como tudo na vida. Ela é prática, ágil, muito competente no que faz. Escolhe músicas apropriadas. Conversa sobre nossas histórias de família enquanto a olho, brava e sorridente, ao mesmo tempo. Ir na clínica de minha irmã dentista é uma viagem maravilhosa, mas cheia de medos, exatamente quando adentro um avião, com destino ao Rio de Janeiro. Ela é bonita, obstinada, ambiciosa, sedutora, malhadora de fazer inveja, mãe zelosa e uma parceira maravilhosa no baralho. Ama maquiagem, roupas e lugares sofisticados. É feliz, do jeitinho dela, com suas histórias e viagens amorosas tão diferentes das minhas. Ou tão iguais? Depois penso sobre isso. Mas é certo que difere de mim em muitas coisas, muitos posicionamentos. Ela, na saúde. Eu, na educação. Mas temos muito em comum, além das aparências físicas. Nossa cumplicidade cresce cada vez mais.
A outra, uma bibliotecária também comprometida, dividida entre dois trabalhos exaustivos, que lhe enlouquecem com seus horários a cumprir. Seu dia amanhece cedo, e já sente que o atraso vai impedi-la de fazer outras coisas, como ter mais tempo para pintar ou escovar seus cabelos, dormir mais horas, cuidar das plantas lá fora, folhear revistas de noiva. Não, ela não vai casar. Vai casar a filha. Um projeto de um ano e meio, se consideramos que essa história começou em junho do ano passado e só findará em janeiro de 2012. Além desse evento especial, tratado em todas as nossas conversas, a mesma filha também vai se formar. É muita produção pela frente. Essa minha mana é uma figura. Linda, inteligente, sorriso franco, e ainda conserva a sua ingenuidade. Bem. Não sei como consegue essa façanha, nesse mundo cão. Gosta de roupas e lugares alternativos, de pouca maquiagem, ama futebol e passa o jogo inteiro motivando os seus prediletos, com apelidinhos bem infantis, e agora, por influência da outra, transformou-se em malhadora compulsiva, de fazer inveja. Diz coisas loucas, que só poderiam ser ditas e serem engraçadas, porque saem daquela sua cabecinha fervilhante, romântica, 'ligeira', palavra que diz em variados contextos. Ela também é ótima parceira no baralho, embora grita e esperneia quando a sua dupla faz besteira, ou entrega uma carta que ela considera muito vital na partida. Fez a ficha catalográfica da minha dissertação de mestrado. Fiquei muito orgulhosa, na ocasião. Mas hoje, penso que ela deveria lançar-se em outras esferas profissionais. Seria uma designer de interiores muito bem sucedida, se perdesse o medo de tentar. Poderia ser uma produtora de eventos (casamentos, feiras de livros, shows...), se perdesse o medo de arriscar-se. Para cada medo, um desejo meu que ela supere suas inseguranças e se jogue, 'ligeiro' na vida, sem perder o que lhe faz tão especial, sensível e divertida. Quero muito vê-la mais sorridente, mais feliz, e com 'um amor pra toda vida', como diz Frejat, em uma linda canção.
E eu? Não sei falar de mim, assim, com esse distanciamento. Preciso me transformar numa malhadora compulsiva (de fazer inveja), e também cuidar do meu jardim, como elas já estão fazendo, em seus cantos. De mim, não quero falar. Sei falar dos amores de irmãos que tenho e tive a sorte de tê-los na mesma família, do mesmo pai e da mesma mãe. E amor de irmão é isso: tem dor, mas tem muito mais sabor, também. E é pra sempre, 'pra toda vida'.
De sangue e de coração |
Para este momento de muita emoção e lágrimas:SEM COMEMENTáRIOS!!Te amo mana...obrigada!!
ReplyDeleteEra pra rir, mana! Bj, te amo.
ReplyDeleteOh, que linda declaração. Adorei, Juba! Bjs,
ReplyDeleteLindoooooooooooo Ju!
ReplyDeleteFamília é tudo mesmo, mais ainda quando nossos melhores amigos fazem parte dela.
Menina, vcs parecem trigêmeas!
Bjokas
Caramba, vocês parecem trigêmeas. Muito parecidas mesmo. Prazer em conhecê-las todas!
ReplyDeleteLaços de sangue, de coração e de alma! Assim serão sempre.
ReplyDeletebj
Maravilhoso mesmo é isto. Irmandade é tudo!
ReplyDeleteQue emocionante.. Por acaso vi o link no face e cliquei para ler.. Que Jesus conserve a união de vocês onde quer que estejam.!
ReplyDeleteLi isso hoje, que minha cunhada Jusciney Carvalho escreveu. Sinceramente, me emocionei. Mais ainda quando vi que uma das irmãs (a bibliotecária) é minha "mulé" atualmente. Valeu Ju, e que seja eu o "'um amor pra toda vida'" de sua irmã, tá?
ReplyDeleteQue legal que gostou! Ela é preciosa demais... Lila Santana é uma irmana perfeitinha!
DeleteAhhhhhhhh... o texto fala da outra mana Dilma Santana... eu não existo sem essas duas. D. Nalva e Seu Waldemar tiveram trigêmeas... risos
DeleteDona Dilma Santana, que além de cunhada é minha dentista atualmente. (Tomara que ela não vá descontar em meus dentes tê-la chamado de "dona")
Deletese aquele motorzinho contasse nossas angústias hein? kkkkkkkkkk
DeleteE quando ela me pergunta algo, com o motorzinho dentro de minha boca? Dá vontade de dizer: "a a orra, ilma".
Deleteidem... ela pergunta demais... e Sol também não fica atrás, com aquele sugador insuportável...
DeleteMas até hoje, sem puxação de saco, não senti uma dorzinha sequer, é sério. Vou apelidá-la de "mão santa".
DeleteNossa! texto de 2011 - quantas lembranças! como vc acerta na leitura que faz sobre as pessoas mais chegadas, irmana Jusciney Carvalho, eu sou assim mesmo! ainda não mudei a profissão...me aguarde! "o amor pra toda a vida" sim Heraldo Gusmão! bjs Ma!
ReplyDeleteÉ certo isto "seu" Heraldo Gusmão e mana Ju...a falarem mal e bem de mim,pelas costas? Kkkk obrigada por ser lembrada com carinho falo demais pra distrair vcs, claro! kkkk
ReplyDeleteReli o texto agora, em voz alta,pra mainha!! Ela disse "parecendo trigêmeas nesta foto"Maninha..agora não tenho mais um jardim pra cuidar! Mas tenho muito o que cuidar nesta minha vidinha!! Desejo que esta nossa união perdure para todo o sempre,amém!!te amoooo
ReplyDeleteEssa postagem é antiguinha... tem tanta coisa nova e boa que nos aconteceu... eu fiquei com vontade de editar o texto e torná-lo mais atual!!!! amo vocês!!!
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