4 September 2011

"Voar, voar..."

"...subir, subir..." Calma. Não vou cantar nenhuma música de cantor melancólico que fez muito sucesso na década de 80. Só de lembrá-lo, fico enjoada. Efeito aéreo da nostalgia desses tempos.

É que ando pensando em voar, mesmo. Nem tenho medo da queda. Também não penso em fazer uso de algum alucinógeno para tentar a façanha de me atirar pela varanda, bem daqui  de onde eu moro, do oitavo andar.

Pra essas loucuras, existem redes protetoras, além da minha costumeira lucidez em demasia.

O meu pensamento sobre vôos é alto. Nada rasante. Mas nunca sonhei voando pra além dos céus. Pra ser mais sincera ainda, amaria partir e aportar em diferentes lugares sem ter que adentrar um avião. Nem jatinho me encanta. Odeio estar presa em qualquer aeronave, ou qualquer situação que me sinta impotente, sendo controlada por segundos ou por terceiros.

Quando penso em voar, me vem à imaginação, aquela sensação de liberdade que o pássaro tem. Que um ator tem. Que um escritor (ou blogueiro) tem. Exatamente. Que qualquer pessoa autônoma tem.

Por isso, quando desejo voar, escrevo. E hoje foi assim: senti saudade imensa desse espaço aqui. Do contato com a tela branca, com as ideias emaranhadas em mim. E como fico feliz, e livre, obviamente, quando elas ganham formas, quando as palavras se libertam de mim. Fica até mais fácil respirar, sentir, voar...

Essa campanha que assumi, do concurso Eu amo escrever, foi muito boa. Exigiu que eu me superasse, que eu me libertasse dos meus medos. O de me expor para o protagonista do conto. Ou para outros olhos. Ou para emoções alheias. Das pessoas com pressa, que não querem dedicar um tempo para interessar-se pela escrita de uma almejante escritora.

Percebi que poucos querem ser importunados, desviados dos seus focos, dos seus umbigos. Dá trabalho exigir solidariedade. Foi desafiador mobilizar, insistir. Cansativo, muitas vezes, 'mendigar' por atenção. Foi um processo solitário. E daí, me senti presa.

Quando acabou, essa presidiária aqui se sentiu ainda mais desolada. Pra onde ir? Com quem conversar? Sobre o que conversar? Será que os amigos virtuais passariam a me ignorar, como quem ignora as tais correntes insuportáveis que recebemos por e-mail? Me vêem agora como um "spam"? Me transformei num "spam"? Pior que isso. Será que minha porção criativa, de querer transformar coisas simples em poesia, me  abandonou, pra todo o sempre? E agora, o que faço com o que sobrou de mim?

Para todas essas perguntas, não obtive nenhuma resposta. Mas desisti das respostas. Sigo voando, desejando voar, desejando viver novos desafios, novas angústias, novos medos. E, muito melhor, livre da pressão por votos. Não gostei de ser política, no mês mais difícil do ano.

E como a lagarta se foi, a borboleta quer (re)pousar. O vôo pretende ser leve. Exatamente como me sinto, após encarar a dureza da vida de larva. Desejo somente a leveza dos jardins, sem nenhuma erva daninha.

4 comments:

  1. Ju,seus voos nos encantam!
    A campanha foi uma experiência nova,portanto foi um voo diferente.
    Desejo que seus voos sejam cada vez mais altos e mais leves. Solitários ou acompanhados, o importante mesmo é não ter medo de arriscar.
    Bjsssssssssssssssssssssss

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  2. Kátia é verdade. O processo da escrita nos exige a solidão...risos e precisamos continuar arriscando! Bj, querida!

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  3. Votei trocentas vezes, amiga, e confesso que não teria saco pra fazer campanha.

    Quanto a voar... adoraria!

    bjo

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  4. A sua torcida foí intensa...valeu amíga! Ah Patiinha, vc ja é uma voadora! Bj

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