De repente é.

Poderia listar os que mais me marcaram. Dariam páginas. Tenho tentado me emocionar menos. Tenho tentado segurar as lágrimas. Tenho tentado não adentrar além do normal, para um cinéfilo, nas diferentes proposta dos filmes vistos. Claro que me refiro a apenas às produções que me encantam. Mas me vem o choro. Os arrepios. Os suspiros. As risadas altas. A tensão pelo depois. E me pego viajando céus e terras, para onde quer que as personagens das histórias me arrastam. Fico literalmente abduzida quando estou em frente a uma telona. Me impressiono como as viagens fazem parte da maioria das películas. É um tal de ir e vir, chegar ou retornar, com direito a reencontros e despedidas que às vezes acontecem em aeroportos, outras em estações de metrô, algumas em fronteiras. Num filme antiguinho, Tom Hanks ensaia uma continuação, e me deixou com uma vontade de acompanhá-lo, à esquerda ou à direita, num cruzamento, na última cena em "O náufrago". Isso me marcou tanto, que fico esperando o fim da projeção, pra de novo, ficar naquela dúvida, pra decidir com ele qual será o próximo destino. Hoje vivi essa ansiedade novamente, ao assistir "Encontrando Forrester". Desejei muito acompanhar com os olhos, até perdê-lo de vista, o escritor vivido por Sean Connery, ao vê-lo partir, em sua bicicleta. Partiu cheio de confiança, com uma felicidade transbordante. Pensei comigo: e podemos ousar qualquer coisa, em qualquer idade, independente dos nossos fios brancos? Não tenho essa resposta. No cinema, tudo é possível... e, em minha fantasia, tento me imaginar vestida de atriz, vivendo as aventuras mais descabidas... concluo que escrever tem um pouco disso, também. Levar-se pelo calor da emoção, envolver-se, por completo. E é assim que me perco no teclado, em meu jeito de despejar na escrita como me sinto, muitas vezes, como me perco na própria realidade. Nessas horas eu surto: e se minha vida fosse um filme?