No balanço da vida

Toda espera incomoda. Toda espera causa ansiedade. Mesmo aqueles muito tranquilos ficam incomodados com a lentidão das horas, em conflito com a ligeireza da vontade de chegar logo no destino final.
Eu gosto de tudo o que cerca uma viagem, exceto a espera nas salas de embarque. É cansativo procurar entretenimento. Fico agrupada com pessoas que nem se olham. Um mundão de gente que não se conversa. Ou conversa demais, irritando os monossilábicos e os silenciosos.

No vôo de Maceió pra Salvador, nesta madrugada, pensei que eu fosse ter um "treco". Pensei que ia retirar meu "tapaolhos" e ia voar em cima dos conversadores de plantão. Eram cinco da matina e as boquinhas nervosas não paravam de tagarelar. Me contive e ensaiei um cochilo.
É que meu mau humor matutino se estende até as oito. Daí em diante, converso, penso, canto, brinco, pulo, escrevo, teclo, teclo, teclo... antes disso, melhor evitar me olhar nos olhos. Vai encontrar uma fera sonolenta querendo só silêncio e paz.
E aqui estou eu, depois das oito, querendo conversar, interagir, pular. Dia das crianças pela frente. Pena não ter Luquinhas para brincar com ele, presenteá-lo, mimá-lo, enchê-lo de beijinhos e cheiradas naquela pele lisinha, deliciosa.
Meus demais sobrinhos já não fazem parte do time mirim. Cresceram. Bebem, namoram, estão quase todos no ensino superior. Alguns quase formados. Uma que sonha em cursar uma universidade no Rio de Janeiro, louca pela cidade, exatamente como eu. Outra que se casa, em breve.
Já que não temos crianças de faixa etária real, façamos do dia, um dia de todos nós. Vamos pular. Embarque imediato no portão de número 1, rumo a Conquista. Oba! Vou abraçar os meus e brincar com meus crescidos.
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A imagem do post é a minha predileta, quando penso em infância.