28 December 2011

Quando o menos é mais

Essa de retrospectiva é mais velha que acreditar em contos de fadas. Pior que esperar por milagres.

E não é que espero por milagres? Sim, eu espero pelo príncipe, num cavalo branco, vindo direto ao meu encontro.

Torço para viver [outra vez] um novo grande momento, pra me empolgar com uma deliciosa troca de olhares, daquelas arrebatadoras, que nos fazem suspirar e desejar viver esse instante eternamente.

Não espero que esse novo amor se despeça de mim. Nunca.

Espero pelo "e foram felizes para sempre'... ah, isso sempre me encheu os olhos d'água! Mas do que é mesmo que falo? Não. Não quero pronunciar nem pensar na palavra FIM para uma história que nem começou ainda.

Ai, o futuro. Por falar nele, não espero dormir por anos, induzida por nenhuma porção mágica. Estado de coma, nem pensar. Isso dá muito certo em novelas globais. Comigo, não daria. Certamente que não.


A minha idade não permite mais, por isso, não quero que meu cabelo cresça, para ter que fazer longas tranças, e não as jogarei, janela abaixo, pra ser libertada de nenhuma torre. Só de pensar em prisão, fico asfixiada.

E também não comerei nenhuma maçã envenenada nem, ingenuamente, acreditarei em fofocas e crendices de bruxas e afins.

Mas espero ser salva de mim mesma. Espero receber beijos de vida. Espero me encantar. Espero encantar.

Espero alcançar um porto. São tantos mares navegados, que tenho me questionado se [já] não é chegada a hora de me fixar num cais. Ai, eu quero me amarrar. Quero ser atracada, mas me manter leve e solta. Será isso possível?

De verdade, desejo me despedir de quem fui até ontem. Ou até segundos atrás. Quero me desfazer dos enredos. Dos enlaces. Das novelas que criei. Das fantasias que desenvolvi por anos. Daquele amor que não deu certo.

Me despeço também daquela paixão arrebatadora que não me deixou ver a realidade. Ela, a dura e fria.

O momento desse meu encontro tem a ver com a virada do ano. Claro. Previsível como toda última quarta-feira de um ano velhinho.

2012 será como todos os outros: diferente do anterior. Novas angústias. Novas experiências. Novos desafios. Novas conquistas. Novas metas. Novos anseios.

Queria me despedir da ansiedade. Queria estar menos ansiosa pelo resultado da prova do doutorado. Ainda não consigo. Talvez acabe no dia 2 de fevereiro, dia dela, de Iemanjá [odoyá], quando sairá o veredito. Tomara.

Eu quero menos. Hoje eu quero menos. Conquistei tantos 'mais', que me satisfaço com o meio termo, o meio de tudo. Amo viver o processo.

Por exemplo: é uma delícia estar no meio de Copacabana, ouvindo marchinhas, enquanto escrevo e penso sobre daqui em diante. Bem no meio do alvoroço da queima de fogos, à meia-noite, do dia 31. É, sou uma sortuda, mesmo. Estou na 'cidade maravilhosa, cheia de encantos mil', no meio de minha família querida, que me acolhe com o calor que todo ser humano necessita pra ser mais feliz. Ou menos só.

Ah, quero dialogar insistentemente com os meus músculos, que teimam em rejeitar barras de ferro e aparelhos de academias. Quero descobrir o prazer de cuidar do corpo, da pele, do cabelo.

E, com isso, será que quero me tornar mais vaidosa? Mas tudo é vaidade... está na bíblia! Não. Quero menos, já entendi que preciso de menos.

A despedida é do passado. Daquilo que sustentei nem sei como. Das doidices de manter vivo o sentimento de posse. Ser menos possessiva. Menos caprichosa. Menos autoritária. Menos ciumenta. Menos exigente. Menos autosuficiente. Menos independente, sabe?

Não sei por onde começar a ter 'o' encontro com o menos. A sociedade [capitalista] nos sugestiona buscar viver justamente o contrário: mais consumo, mais competição, mais individualismo, mais internet, mais fantasia, mais tudo.

De novo e sempre, me desapagarei dos sapatos, das roupas que já não as uso faz tempo. Tempo de doar. Tempo de arejar armários e ideias. Tempo de desapegar do que não me impulsiona pra frente. Do que me hipnotiza e me mantém presa.

Menos prisão, mais liberdade. A palavra mais bonita, de maior significado e maior sentido para todos os meus novos dias. Liberdade de ser, de estar, de conviver. Pra viajar mais, pra dentro e fora de mim.

Se escrevo absurdos, são frutos daqueles contos da carochinha, de autores e produtores de todos os filmes românticos que me condicionaram a crer em mundo cor de rosa, par perfeito, homem ideal, mulher nota mil. Tudo excessivamente [de]mais.

Por isso, quero menos. Antes que eu surte e queira mais do que consigo ser.

E de um jeito ou de outro, desejo um Feliz 2012 a todos e todas que [ainda] acreditam no amor!! Nada de FINS. Só MEIOS.

5 comments:

  1. Feliz 2012 pra todas nós. Que possamos realmente nos encantar. Há tempos não sei o que é isso, este ano todo envolvimento que tive foi de alguma forma incompleto e sem sentido. Espero receber beijos de vida. E que venha 2012.

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  2. Venha logo ano novo... beijos de vida, querida!!

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  3. acho que mesmo querendo menos, ainda tem muita coisa nessa lista. Mas tá valendo, gostei das intenções.
    amiga, vc sabe que te desejo o melhor sempre e acredito que o melhor pra vc agora é esse Deoutorado. Mas o que vier, vem bem, depende de como a gente recebe a bênção.

    bjão, aproveita o RJ, as companhias, as trocas... e um feliz 2012!

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  4. Pois é Patiinha... que eu seja mais tranquila, menos afoita...risos... o que tiver de ser, será... com ou sem doutorado em 2012, juro que desejarei menos.... te desejo um ano 2012 menos carregado, muito mais leve, afinal, vc merece!! Bj, amiga!

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  5. Minha amiga Ju! Vc realmente escreveu tudo e um pouco mais, apesar de querer os menos.
    Tbém me sinto assim, tanto me identifiquei que no meio do post, vc já sabe, a manteiga derretida aqui estava prá lá de emocionada. Tenho fé que 2012 atracaremos sim em portos bem seguros! Aproveita o Rio , quem sabe, seu porto, não é carioca?rs Bjs carinhosos e que em 2012 eu possa ter o imenso prazer de desfrutar de sua companhia, brindando com uma skol bem geladinha e devorando acarajés...rsrs

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