4 December 2011

Torço, logo existo.

Minha tese: os jogos do último campeonato foram mais assistidos que os anteriores. Talvez a mídia, ou os bares com seus mega telões, e, obviamente, o canal de comunicação mais acessado por segundo, com seus tantos comentários e piadas sobre, tenham contribuído para essa poluição sonora e de imagens dos jogadores e estádios, e pra eu me envolver com os times, os placares, as torcidas daqui, dali e de qualquer lugar.

Em casa, assisti a partida final sozinha, fugindo do jogo e de mim. Tentando me concentrar no livro adormecido em cima do sofá, mas com o olhar curioso, o ouvido atento, e o coração na mão. E olha que nem sou vascaína.

Acho lindo quem é torcedor de carteirinha, que canta o hino do seu clube, como se fosse um lindo mantra. Queria ser dessa torcida preta e branca, tamanha a cultura dela, em minha família. Mas não sou.

Muito feio admitir que desconheço quem são seus jogadores, quantos títulos já conquistou, quem manda melhor driblando, com a bola nos pés ou na cabeça. Mas não sei nada disso.

Poderia pesquisar na web e buscar toda sua história. Em minutos, não conheceria, mas daria para memorizar as informações principais, fazer como os falsos intelectuais propagados nas redes fazem: fingir que estou por dentro, que sei muito, e entendo as 'n' relações com os outros times, ou até com a grande indústria do futebol.

Assim como me divirto e me interesso por vôlei, por jogos olímpicos, me interesso em igual medida por esse esporte predileto de todas as nações. Que alívio que sinto: confesso minha ignorância em assuntos futebolísticos.

Mas mesmo leiga, do tipo que não sabe a diferença entre escanteio e tiro de meta, ou que toda falta seria divertida se fosse um pênalti, e sendo "quase" uma vascaína de coração, creio que aquele juiz não foi nada justo! Ele tinha o poder de decidir por mais minutos. Quem sabe o Vasco não faria um gol e deixaria sua torcidona toda feliz? Meus manos vão beber até dormir, pela conquista do vice-campeonato. Ou pela perda do primeiro lugar? Ah, eu não sei o que é pior. Ou se é ruim ter chegado inteiro e lutando, com apenas dez jogadores, até o último minuto (permitido) do segundo tempo.

Sei que parada estive em frente à televisão. Viajei na partida tensa. Em cada queda teatral dos rivais flamenguistas. Na narração. Nos cartões amarelos e vermelhos. Nas informações entrecortadas dos jogos que também aconteciam, em tempo real. Viajei até o coração de cada torcedor da minha família. Dos homens às crianças. Dos meus amigos aos demais torcedores que se inflamam, por pura competição boba.

Depois de um dia de sol lindo, nesse mar absurdamente photoshop de Maceió, em ótimas companhias, e desse fim de tarde mesclado com fim dos trabalhos para o Vasco, vou voltar pro livro esquecido, e junto com ele, tentar entender porque me sinto tão aturdida, perdida em sentimentos, nesse final de primavera.

3 comments:

  1. Eu ando cada vez menos interessada em futebol. Não assisti nada, não vejo mais TV, não me conecto nesse site, ando "meio desligada".
    Aliás, ligada em outras coisas...

    bjão!

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  2. Como não ligo muito pra futebol, passei ao largo dessa história toda. Só me arrepiou a profética frase que o saudoso Sócrates disse em 83, e que está espalhada pela net: "Quero morrer num domingo, com o Corinthians campeão". Impressionante, né? Muito bom seu texto, amiga viajante. E agradeço a generosidade no comentário ao meu Spa Ghetti...

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  3. Pois então, gente... no momento em que escrevi deixei de fora duas questões muito especiais: a violência entre torcidas e alguns jogadores especialíssimos... impressionante, mesmo Marcelo! Um abraço.

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