31 January 2012

A saudade

Sei que me acompanha, pra onde quer que eu decida ir. Impressionante viver, assim, sendo perseguida. Por mais que eu me ocupe em querer destruí-la ou compensá-la, não adianta o esforço. Ela não se dissolve. Quem dera minhas milhas acumulassem como essa danada que sinto, estando eu aqui, ali ou acolá.

Hoje à noite, mais um festival de despedidas e abraços. Dela, não me despeço. Me parece que fiz um pacto, do tipo: aonde eu for, você vem junto! Ela é obediente. Chega primeiro que eu. Sabe aquela história de sentir falta do que ainda nem se viveu? Isso ocorre comigo, o tempo todo.

Pior que sabe quando estou mais vulnerável. Nesses dias sombrios, me cerca de todos os jeitos e lados. Tenho a impressão de que sem ela, inexisto.

E por que me é tão doloroso tentar me desapegar dela?? Por que meu coração sofre tanto com as partidas? Será que gosto de sofrer? Um vício? Como me livro, então?

Não encontro respostas. Sei que começo a andar, e logo tropeço na minha solidão.

Sigo só, mas ciente que carrego os corações dos meus queridos, me dando força pra continuar.

Viajo na rotina deles e já me descubro excluída, a partir das 19h. Minhas manas, cada uma no seu quadrado. Uma na clínica, a outra na biblioteca. Minha mãe, checando se já guardei tudo na mala, se emocionando com reprise da novela da tarde, ou lendo revistas dos famosos ou fazendo seus biscoitinhos deliciosos. Soninha lavando louça e recebendo telefonemas das filhas. Meu dindo partiu cedo, em seu primeiro dia de estágio em engenharia civil. Cacau, com as miguxas, na expectativa do primeiro dia de aulas do pré-vestibular. A sobrinha, a casadíssima, preparando mais um álbum de fotos do seu casório. O maridão divertido, seguiu também para o trabalho.

Quanto a mim, fico aqui, teclando, chorando, saudosa. Tentando guardar na memória cada cena familiar em mim. Pra conservar os instantes de felicidades sentidos. Da delícia dos momentos dos filmes que assistimos juntos. Dos preparativos pra festa do casamento. Da viagem deliciosa pra Porto Seguro. Da alegria com a chegada dos parentes. Dos nossos almoços divertidos, de conversas triviais, repetitivas, sobre os caminhos de cada um, sobre os vizinhos, sobre os jardins, sobre os manos, sobre os amores, os cunhados e os sobrinhos, sobre novas viagens.

Nem sei o que digo. O inferno astral, que me enganou, parecendo estar ameno, não me permite enxergar o óbvio.

Vou lhe dar um desconto. É que ela não se explica. Se sente. E por causa desse sentimento, que nenhum dicionário [ou poesia] consegue decifrar direito, diria que se parece com uma erva daninha. Uma praga.

E totalmente contaminada, e sentindo muitas faltas, estarei por aí, viajando, sem entender muito pra onde seguirei e como ficarei nos próximos dias.

Já imagino que ficarei assim: na companhia dela, desejando rever a todos. E claro, pensando em como e quando viajar de novo. E de novo. E de novo.

4 comments:

  1. Oh minha mana siamesinha....já se vai nos deixando também com muiitas saudades!!sabemos dessa sua vida de vai e vem, desse seu jeito, seu estilo,sua marca e, de como se sente bem em viver assim!!realmente esse negócio de inf. astral,nem gosto de escrever o nome,pega mesmo,eu quem o diga!!Mas desde já sinta-se feliz por também deixar saudades nos corações de cada com quem se relaciona.Um beijo ,vá com Deus,e volte sempre com Ele..não sei se vou ao aeroporto,se terei coragem...te amoooooooooo!

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    1. Mana, a nossa história começou na maternidade...risos... minha siamesa querida..estou em Maceió, já e está tudo bem, por ora... torce pelas novidades boas...te amo, tb!

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  2. Saudade boa essa, Ju...

    Ano que vem tem mais! Agora pensa positivo e se prepara pro dia 2.

    bjo e me conta, viu, tô na torcida!

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    1. Patiinha... o resultado sairá hoje, segundo o cronograma... amanhã, odoyá, vai ser um dia de sol... tomara! Bj

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