10 February 2012

Mais do mesmo

Adoro essa expressão. Resume sempre o que eu gostaria de sentir, ou de não sentir, de viver ou de não viver. Muito útil para denominar aquelas situações em que percebo o sinal de repetição buzinando alto, me alertando pra tomar um atalho bem rápido.

Tenho quase certeza de que ando vivendo em ciclos. Ciclos idênticos. Pra minha sorte, no próximo dia 19, esse festival de grandes desabamentos terminarão. Ou vão recomeçar, vai saber? De forma mais amena, creio eu. Uma fase 'menos do mesmo'. Já estou na torcida.

Era pra estar em Salvador, nesse exato momento em que escrevo. Mas estou em Maceió. De castigo. Ou melhor, por força das circunstâncias. Não posso reclamar de nada. Tenho tido momentos 'mais do mesmo' e aprendendo a duras penas como fazer para seguir adiante, esperançosa, forte, atenta, serena, e rindo dos desastres e desiquilíbrios que eu mesma provoco.

Uma grande amiga, bem mãe comigo, paciente e tolerante com meus dias 'mais do mesmo', me disse que talvez eu estimule essa coisa de inferno astral. Pode ser. Mas acompanhem as minhas últimas 24 horas. Vejam se eu não vivi um momento bem inferninho. Foi assim:

Dormi exausta. Me acompanhavam palavras, os autores lidos, os não lidos, citações e perguntas de todos os tipos. O projeto nasceu. Nunca pari antes, fisicamente falando, mas esse me pareceu um parto de fórceps, tamanha a dificuldade de sair das minhas entranhas. Digo, do meu pensamento. Tive a impressão que na hora H sorri pra ele. Mas foi apenas uma impressão. Logo resolvi que era o máximo que eu conseguiria produzir na minha fase 'mais do mesmo'.  Tentei dormir. Fiquei brigando com a parafernália de ideias e ruídos internos. Levantei, fui até o gabinete, peguei o currículo já impresso, espalhei aquele monte de papel com cheiro de tinta e muito trabalho feito, e resolvi organizá-lo, de acordo com as comprovações.

Deu pane. Vi que faltavam dados e informações. Teria que 'labutar' no lattes novamente. Anotei todas as pendências. Fui dormir com mais esse barulho acumulado. Mais do mesmo. Consegui dormir um pouco. Acordei cedo. Resolvi caminhar. Foi a melhor parte do 'mais do mesmo' do início do dia. Juro que essa horinha de leveza na rotina dá o que falar. Voltei revigorada. Mas o dia estava só começando. Salvei o projeto revisado no 'pendraivio' como o fofo do meu sobrinho chama, e tentei imprimir numa lan house, no caminho para a universidade.Quando procurei pelo arquivo, vi que não estava o correto. Pensei rápido: 'ah, tudo bem, o horário do voo está muito longe'. Diria Jorge Ben Jor, 'mas que nada...' É. Ele está certo. Longe, que nada! Fui surpreendida com a falta de energia e de internet no local aonde eu deveria entregar os documentos. Por fim, uma notícia ainda mais absurda pra quem não tinha tempo a perder: intervalo pro almoço.

Ou seja. Perdi o horário do voo. Com isso, mais uma multa pra somar às outras tantas. Mas a seleção é o de mais importante, por ora. Por isso, nem pensar em viajar de avião e em 50 minutos aportar na cidade do carnaval ameaçado pela falta de policiamento. Eu recuei mesmo. Mais do mesmo. Foi até fácil desistir. Juro. E no final, consegui entregar  tudo. Gica estava comigo, firme e forte. Rolou almoço divertido, papo divertido e um sorvete de baunilha. Ah, foi só uma bola!

E a velha dúvida, aquela 'mais da mesma' voltou a me provocar: tive que decidir entre viajar de carro ou de ônibus, já que as buscas por passagens aéreas me assombraram, com seus preços nada convidativos. Optei por deixar todos à minha volta felizes. É que fiz uma enquete basiquinha, aquela 'mais da mesma', e outra vez fui vencida pelo medo alheio, das estradas de terror, cheias de caminhões grandões, lobos maus e cobras gigantes que invadem o asfalto de um hora pra outra.

Diante desse imaginário medonho, optei por viajar de ônibus logo mais, no raiar de um dia a menos, nesse meu mês e dele, o rei momo. Vou pra folia momesca, com um nariz entupido, espirrando muito e acreditando que além do carnaval na cidade ameaçada, estarei com uma gripe do tipo surpresa. Ou ninguém pode ver ninguém bem. Ela deve fazer parte do meu inglório 'mais do mesmo'.

Ah, faltam apenas 9 dias. Só penso em me livrar desse mala sem alça, sem rodinhas giratórias, e sem fitinha de proteção contra perdas e danos.

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