10 May 2012

Melhor desabafar

Me apeguei a uma realidade tão boa, que só queria viver pra ela. Não me serve mais a de antes. Nem tenho ânimo para desejar, por ora, uma terceira. Aquela é que faz sentido, faz falta, me fez feliz como eu jamais imaginaria ser, estando aqui, longe de casa.
Estou vivendo uma espécie de luto, provocado por mim mesma, com tudo o que tem direito: musiquinhas que confortam, diálogos necessários com amigos, muita reflexão cá comigo e meus botões acostumados às dores do peito.
As horas se arrastam, preguiçosas, sem nenhuma pressa. Não sinto motivos para avançar os minutos e chegar num final do dia desejando a noite, a madrugada, ou a manhã seguinte. É como se o meu prazer de viver estivesse congelado. Me sinto congelada, sem sangue correndo nas veias. Mas sei que corre e é quente, e que estou bem de saúde física.
Trabalho, me canso, durmo, amanheço, me alimento, tudo muito normalmente. Não há razão para pânico. Nem estou à beira de uma possível depressão. Meu estado melancólico pode ser considerado adequado à situação da perda, daquela amada rotina que me despedi.
Foram momentos muito intensos. Vivi uma paixão arrebentadora, sabe? E não teve fogo, nem faíscas. Não fiquei queimada. Nem me sinto assim. As chamas não foram ardentes. O sentimento, sim.
Se eu pudesse aquecer as cinzas, de algo que não morreu, haveria luz pra sempre em mim, em meu coração partido. Amaria que ele, em igual medida, se lembrasse da "nossa realidade", de nós dois, do que fomos um pro outro, em tão pouco [e maravilhoso] tempo. 
Hoje é só de saudade que sou feita. Não consigo me lembrar de mais nada, que não seja a presença dele em minha rotina, em meus dias. E quando me olho, sinto a falta. É que meu olhar está perdido. E me sinto perdida, sem saber porquê continuar, no que acreditar ou desejar.
Me pergunto até se uma viagem me faria bem. Não tenho vontade de me afastar ainda mais dele. É bom imaginar que estamos a poucos quilômetros de distância, mesmo que isso não signifique que iremos nos reencontrar. É reconfortante saber que estamos "perto". Um perto-longe, infelizmente.
Por essas contradições e doideiras vividas, insisto em dizer que meu coração é terreno baldio, um território esquisito, alheio à lógica ou às minhas melhores decisões. Não ouso nem preciso checar os batimentos. E, insossa que só, ainda me ordeno que devo seguir assim, fazendo drama, sentindo essa ausência que me dói muito, me incomodando [até] com o nada.

4 comments:

  1. Viver a dor do luto de um amor é natural. Mas procure ver alegria nas coisas boas que vc já conquistou.
    Se vc mesma compreendeu que não dava pra ser, pq chorar?
    Vc é uma pessoa abençoada. Tem uma família linda e amigos maravilhosos. Ng pode ter tudo...

    Fica bem aí, pelamordedeus!

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    1. Tá tudo bem, Patiinha... é que a tpm desse mês, juntando com o que vivenciei...ah, misturou tudo e deu nesse melodrama... risos... agora, alívio! O choro faz parte. Bj

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  2. Mana..que sentimentos fortes,hein??Louváveis, no sentido de estar viva,amadurecida em aceitar certas determinações da "vida dos adultos",como digo...seria bom que estivéssemos juntinhas,p/ mais uma "DR"..um beijo e fica bem mesmo!!

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    1. Mana, te amo... tá tudo bem... basta de DRs!!!! Bj

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