2 August 2012

Dos mimos e cuidados

Pra me inspirar tive que voltar no tempo e lembrar da época em que colecionava bonecas de papel. Eram tão lindinhas e delicadas! As roupas combinavam com meu já adotado estilinho prático e fantasioso. Me lembro que juntava dinheiro para ir até a banca de revista e adquirir novas peças.
Talvez um jeito simples de sonhar com o desejo de ser mãe e cuidar dos filhos, muito alimentado por aquelas espécimes de bonequinhas finas, sem os contornos e as curvas típicas, em 3D, dos corpos humanos. Eu já sabia agradar os fictícios filhos, para mim, sempre especiais.

Isso foi nos anos 70. Passadas mais de três décadas, quando de fato parei de brincar com as imagens de meninas e mocinhas lindas e sorridentes, eis que me vejo encantada por um "menino" de quase três anos, que é um amor de filho, também.
O moleque é discreto, embora líquido. Não chora, e muito menos dá "piti" na frente de estranhos em espaços públicos como aeroportos e shopping centers; também não me cobra presentes, nem nunca implora para dormir na casa do coleguinha.
Tampouco me preocupo com sua saúde ou segurança, mesmo sabendo que o plágio e a perversidade existem e são alarmantes no meio virtual. Sei que, orgulhosa, observo que o bloguito vem conseguindo lidar com os desafios. O foiassim: cresce livre [e solto] no universo da web.
Minha preocupação maternal é de que esteja sempre arrumadinho, limpinho, saudável. Estou à frente para que tenha uma educação de qualidade, aprendendo a apresentar textos inteligentes e encantadores, ortograficamente impecáveis, bonitos de se ver. 
Nesse último quesito, o meu blog é exatamente como minhas antigas bonecas de papel: me fazem sonhar com mundos diversos, me fazem criar fantasias, me fazem querer ser especial, cada vez mais. Para isso, experimento vários designs, layouts. Estou na fase da definição de uma imagem para associá-la ao seu nome; reinvento um jeito de mudar sua aparência para começar, de novo e outra vez, a recriar a sua identidade, sempre em construção. 
Antes, narrava as minhas experiências decorrentes de viagens, com seus respectivos diários de bordo. Mas tenho viajado muito menos do que eu gostaria e tratar de outras temáticas acabou acontecendo. Dessas mudanças, nasceram novas texturas, um bocado de devaneios, um punhado de quase-crônicas, quase-poesias, quase-contos.
Gosto de manter a ideia do "quase", de que arrisco escrever gêneros distintos. Um dia, quem sabe, me arriscarei a escrever um romance.  Estou nos ensaios, no lugar dos quases. Não me sinto ainda pronta para ousar tanto em terras de blogueiros que, por uma lógica própria desse estilo textual, investem pouco em textos longos.
E esse devaneio todo foi assim: desejei transformar esse espaço num mundo cor de azul. Desisto de aplicar tons róseos aqui. O meu blog é masculino, alfa, leonino. Um pouco machista, por isso, não tolera a possibilidade de ser frágil ou adocicado demais, como revelam as tonalidades rosas.
E, mesmo romântico, por ter mãe romântica, daquelas que amam bonecas de papel, ele sonha em tornar-se livro. E um dia, quando estiver mais velho, mais sábio, vou ajudá-lo nisso. Por ora, testaremos roupas, sapatos, bonés, relógios, bolsas e chaveiros.
A porta da frente dá de cara para o mar. As entradas e saídas fazem contornos mas chegam todas num canto só, de coqueiros altos e inclinados, loucos por noites de lua cheia e dias ensolarados. O astral anda quase leve... é que já estamos quase no paraíso.

6 comments:

  1. Adoreima analogia. Adorava aquelas bonequinhas. Parabéns pelo aniversario do blog. Bj

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    1. Obrigada, Gica! As bonecas de papel eram bem mais baratas que as bonecas de plástico... o meu pai não investia em brinquedos, muito menos brinquedos caros... risos... lá em casa, eu e meus manos inventávamos brincadeiras no fundo do quintal e, quando íamos pra roça!! Tempo muito bom! Bj

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  2. Uma excelente analogia, Juba. Não consigo pensar no meu blog como um filho (deve ser pq tenho um de verdade), mas no seu caso isso fica tão claro e perfeito.
    Gostei do azul, do céu e da frestinha de mar. No paraíso ou no inferno, o que importa é que esse seu filho tem um ótimo astral.

    Bjão!

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    1. Patiinha, obrigada!! Tenho pensado seriamente em ter um filho de verdade...[!!!!] mas já sei que é um projeto muito complexo, ousado e caro...risos ... vamos ver se a vontade passa ou escrevo um livro ou planto uma árvore. Bj, amiga!

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  3. Longa vida ao seu filhinho campeão de audiência - que não é mais filho único, já que você arrumou há pouco um irmão pra ele. Mas será sempre primogênito. Um beijo, amiga viajante.

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    1. Meu filhote, um campeão de audiência? Ahhhhhhhh... eu nunca vi um amigo tão generoso e exagerado assim... risos... um beijo, querido!

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