25 October 2012

sobre o fim

Quisera ser claro de tal forma que ao dizer ROSA
Todos soubessem o que pensar. 
Mais: 
Quisera ser claro de tal forma que ao dizer JÁ
Todos soubessem o que fazer.
Poética, Geir Campos*

Preciso desabafar. Estou esgotada mentalmente. São tantas demandas e tão pouco tempo que estou no escuro tateando e apontando com o dedo para decidir o que fazer em primeiro, em segundo, em terceiro plano. Na verdade não deveria ser assim. Mas está sendo assim: desgastante, enfadonho, prolongado.
Não quero que o fim do mundo chegue. Nem que o natal chegue. Muito menos quero que o ano novo chegue antes do dia 31 de dezembro, como sempre acontece.
Quero apenas o fim do semestre letivo 2012.1.

Com a greve, o calendário proposto de reposição foi feito à revelia da classe docente, que entrou e saiu da paralisação de 4 meses [eu disse quatro meses] com uma mão na frente e a outra atrás. Isso ocorreu, talvez, em mais uma tentativa inútil em querer "cobrir" as suas partes mais íntimas:
  1. a vergonha 1, por testemunhar os descalabros de um governo absurdamente desumano e insensível, 
  2. a vergonha 2, por cumprir tacitamente esse calendário esdrúxulo, mesmo estando nós, professores e estudantes, desmotivados, insossos, sem a menor energia para continuar nessa briga entre desiguais.
Claro que está chegando o dia do [juízo] final. Claro que em algum momento haverá uma explosão de novos desafetos junto às chefias da equipe da presidenta Dilma. Não sou mãe DináJu, mas é previsível que haverá um momento ainda mais difícil no cenário social e econômico na gestão pública, em 2013.
Nosso maior gargalo, ou se preferir, nosso maior nó na garganta, não tem relação somente com os salários pífios, que continuarão infinitamente inferiores, se comparados aos dos servidores federais do Congresso Nacional. Diz respeito à intransigência administrativa da alta cúpula, em não reconhecer que existe uma carreira docente carente de atenção, de investimento, de valorização.
Ontem estava eu numa escola pública da rede estadual, com professores e gestores do ensino médio. E ouvi de todos as mesmas queixas, o mesmo quadro do ensino superior: baixos salários, sobreposição de tarefas, precarização, péssimas condições de trabalho e, obviamente, nenhuma expectativa de mudanças estruturais e políticas, que possam colaborar para uma educação pública de qualidade concebida para todos- mortais e imortais.
Desculpas se a viagem do momento é muito real. Desculpas se este devaneio nada de romântico ou poético carrega. Não sou como ele, o poeta Geir Campos, citado no início. Mas concordo e me identifico com suas conclusões, mesmo estando descrente em dias melhores. É que o tempo lá fora indica altas temperaturas pela frente. E nenhuma das nossa indignações e frustrações ecoarão em alto e bom som para quem de fato pode intervir.
Teremos brevemente mais um momento importante, com a segunda rodada de eleições pelo Brasil. Não defendo nenhum e ainda tenho dificuldade em entender as propostas dos partidos [e isso me parece péssimo]. Para piorar, infelizmente estou longe de casa, ou numa nova casa, e não votarei no domingo.
Isso mesmo: estou naquela fase chatinha, acreditando piamente que o fim do mundo já chegou no Brasil, ora bolas! O genocídio do Povo Guarani não me deixa pensar diferente. Assinem JÁ a petição pública e para eles, pensemos em ROSAS.

10 comments:

  1. Tem dias que não são nada fáceis...
    Mas no final dá tudo certo! Se ainda não deu certo é porque não chegou ao fim! Beijo

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    1. Ai, está chegando Paula... está, está, está... não deixa de assinar a petição!!! Um abraço!

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  2. Tô chocada aqui!

    Mas vai passar, prometo assinar a petição, é a única coisa que posso fazer pra ajudar.

    bj

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    1. Não deixe de assinar e divulga no seu blog!! Beijo!

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  3. Ju, entendo perfeitamente a sua frustração e imagino o desgaste de seus alunos e o seu também, claro, com essas mudanças. Tenho amigos que estudam es faculdades públicas e enfrentarão o mesmo martírio.
    Essa petição é muito importante e vale a pena todos assinarem! Beijos!

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  4. Olá, descrente viajante. Pois é, me solidarizo às suas reivindicações - até porque meu genro é professor da UFES - a Federal do Espírito Santo. Bom saber que você estará por aqui em 7 de novembro, e espero estar em Campinas por esses dias para conhecê-la pessoalmente. Um beijo pra você.

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    1. Oi Marcelo! Na contagem final para o fim do semestre e um merecido recesso na cidade maravilhosa... risos.. estarei no Rio e depois em Campinas... vou torcer! Beijo!

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