12 May 2013

é meu bem, BASTOU!

Tenho conseguido diminuir. Foi difícil no início, mas hoje me sinto mais independente. Decidi e me comprometi em navegar cada vez menos na web. Optei por navegar mais nas ondas reais.
Não que eu goste de navegar, literalmente. Eu respeito tanto o mar que prefiro contemplá-lo de longe, vendo suas ondas se insinuarem junto às pedras ou se arrebentarem nas areias.
Navegar é para viajantes mais seguros, bem preparados, que não temem tempestades, sol forte, pouca água doce e terra nem sempre à vista. Não é o meu caso. Embora aérea, o meu prazer nas viagens é poder controlar um volante de um carro. As viagens terrestres são perfeitas para tipos sólidos como eu. Até nisso sou menos líquida do que aparento ser.
E do que falo, então? Das relações. Das minhas. Não quero fazer um tratado aqui sobre o que é o amor em tempos líquidos. Alguém bem mais habilitado já o fez. Tem nome, sobrenome, livros inteiros e bem distribuídos em vários idiomas, dedicados a falar de como o ser humano vem se relacionando. Trata-se de repensar o que é concreto viver, manter, permanecer. E na onda absurda de mudanças, eis que agora estou centrada em mim. Não mais no outro.
Se [isso] é uma avanço ou retrocesso, ainda não sei. Creio que a partir do momento em que me valorizo mais e busco me respeitar, certamente serei valorizada e respeitada. Todo mundo precisa de limite. Do tempo da internet ao BASTA que se deve gritar, para quem nos faz de bobo. Ou para quem acredita que é tão importante, que nunca vai deixar de ser importante. Concretude em meus dias? O doutorado, o trabalho, os amigos, a família e o meu amor pela escrita. O resto é líquido. Como o mar, num bate-volta sem fim. Em algum momento se mistura[rá] com o rio. Isso me dá esperanças de que algum dia volto a estar mais  flexível. Ou ainda mais radical. Basta por hoje. Desse mundinho virtual, daquele lá, azul, de devaneios, de pensar no que não deu certo porque não tinha que dar. Gosto de músicas-recados. Um dia cantarei melancólica, mas distante e tranquila, como Maria Bethânia, nessa canção.

A Fonte Secou

Eu não sou água

pra me tratares assim

só na hora da sede

é que procuras por mim

a fonte secou

quero dizer que entre nós

tudo acabou

teu egoísmo me libertou

não deves mais me procurar

a fonte do meu amor secou

mas os teus olhos nunca mais hão de secar.

Maria Bethânia


Composição: Monsueto Menezes, Tufic Lauar e Marcléo

8 comments:

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    1. Oh.... tb gostei... risos... beijo, Paula!

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  2. Legal e profilático esse seu "basta", amiga viajante. Bem que eu gostaria de dar um "basta" também, mas por imposição do ofício eu fico conectado quase o tempo todo. Te desejo felicidades em suas reais navegações. Um beijo.

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    1. Profilaxia... limpeza geral... e o passado, bem passadaço... risos... beijo, Marcelo!

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    1. Risos... a demora não é/foi por acaso. Quando estamos apaixonados, tentamos contaminar o outro e isso exige espera... risos... estou bem! Bj

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  4. Muito bom o texto, Ju. Mas às vezes esse 'basta' aí não é definitivo, aí complica... rs Beijos!

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    1. Ai, Sergio, nem me fale em recaídas... tô conseguindo segurar a onda! Bj, querido!

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