12 September 2013

das descobertas

Vez ou outra coisas lindas me acontecem. Coincidências ou não, o número 12 está sempre presente. Formado por algarismos um e dois, ou por seis mais seis, ou quatro vezes três, ou três vezes quatro, a soma de nove com três, ou de dez com dois... ou tantas outras combinações. Invento e reinvento os números para que se apresentem para mim como o doze. Pensando hoje, sendo hoje o dia 12, nesse mês primaveril, me dou conta de alguns novos dados. Ou de dados antigos que agora reinterpreto.
Convivi com meu pai até os 12 anos de idade. Tempo de infância, de ouvir nãos, de receber broncas, de ouvi-lo cantar, de observá-lo tão lindo, com o violão envolvendo seus braços. Tempo de casa cheia, com todos à sua volta. Das férias na saudosa [fazenda] Laranjeira, o lugar onde nasci, que cresci e aprendi a valorizar a simplicidade na vida, como essência de tudo.
Não sei se estou bem certa do que digo. Mas quando torço para coisas boas me acontecerem, me lembro dos 12 anos felizes que tive meu pai por perto. Ele me fazia pensar sobre certo e errado; me ensinou a ser gente. Meu pai é essa referência maior. Ele não partiu. Ele não me disse adeus. Ele não me ordenou: siga só.
Estou na cidade em que ele viveu os últimos anos de sua vida. No domingo, dia 15, completaremos 31 anos sem nosso velho. Obviamente, não comemoramos ano após ano. Essa data nem é lembrada e muito menos referenciada na família. Não há motivos para nos alegrarmos pela sua ausência. Temos certeza de que esse buraco nunca será preenchido. Pelo contrário.
O cemitério não é visitado por nenhum de nós. Nem mesmo a minha mãe gosta de ir até seu túmulo, quando está aqui. Sabemos que ele não está lá, naquele lugar silencioso, inóspito, gélido e úmido. Lembram ervas daninhas, que crescem aleatoriamente, lajotas quebradas, alças roubadas por miseráveis. Nada disso tem a ver com nosso querido pai. Ele tinha energia boa. Era quente, honesto, alegre, generoso, barulhento. Não há nenhuma semelhança com ele. Os sete palmos abaixo do chão guardam apenas os seus ossos, e não os seus sorrisos, seus olhares, seus pensamentos, seu coração.
Sigo assim: comemorando o dia 12, que vem antes de 15.  Eu, aos 12, no dia 12, do ano de 1982, visitei Seu Waldemar, que ainda estava vivo e falante. Estava hospitalizado e reclamando da comida sem graça, sem "gordurinhas".
Eu, aos 43, no dia 12, do ano 2013, não tenho mais como visitar Seu Waldemar. Mas sinto que ele ainda está vivo e falante dentro de mim. Eu estarei hospitalizada e certamente reclamarei da comida sem graça, sem "gordurinhas", logo mais, no mesmo hospital. A cirurgia vem aí, dia 17. Hoje é dia de comemorar: entendi a importância do número 12 em meus dias. Faltam 5 cinco dias para a pedra sumir. Estou tensa. E com mais saudade daqueles meus primeiros doze anos, tão inéditos.

10 comments:

  1. Lindo texto amiga....Sds.... Tudo dará certo....na torcida e em oração pelo sucesso dessa simples cirurgia....beijos Maiza

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  2. Se ao menos parássemos, mesmo por curiosidade, para pensar nos doze anos passados. Nos doze anos futuros. Nos doze segundos passados/futuros: em suas aceleradas triviais mudanças. O quanto pequenos somos. E, bem mais, o quanto grande vislumbramos ser. Doze é par, é junção, multiplicação e divisão, é referência de tempo e de saudade. De sorrisos.
    Antes de qualquer agulhada sorria. Lembre de bobagens e sorria. É sempre projeto de vida. Um detalhe: doze beijos.
    =)

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    1. Obrigada pela leitura atenta e pelo carinho de sempre! Doze abraços pra você, querido!

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  3. Vá confiante, Ju. Vai dar tudo certo. Beijo

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    1. Estou começando a me animar... pedras em meu caminho, não mais... risos... beijão!

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  4. Oi Juba
    tive problemas aqui com meu computador e só estava usando o celular, por isso não vi seu post. Hoje já é 17, será que a cirurgia já foi? vou te ligar, antes das 12. rsrs

    Um bjo.

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    1. Deu tudo certo, amiga! Já estou na Soterópolis e quero te contar as novidades, pessoalmente. São muitas! Beijão!

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  5. Lindo texto, Ju. Perdi meu pai quando eu tinha 18 anos recém-completados. Também não vou visitar o túmulo dele e nem minha mãe, mas lembramos a todo momento dele. Bjs

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    1. é muito melhor lembrar de quem a gente ama, pensando em momentos vividos, cheios de vida... cemitério nem deveria existir... beijo e obrigada!!

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