hoje dói mais que antes

Não consigo me concentrar nas tarefas. Somo angústias e ansiedades. Fico patinando em situações. Invento mais coisas pra fazer. Fujo de tudo. Amanheço e adormeço pensando em lembranças. Das doloridas às mais felizes. Me afasto do presente até quando decido vivê-lo. Ando chorosa e sensível. Queria segurar o tempo. Ou, se pudesse, voltaria no tempo. Ou faria o tempo correr. Mas não saio do lugar. Já é dezembro. O clima de natal se expande e me deixa ainda mais melancólica. Pensar em meu pai, em sua ausência, certamente me causa esses sintomas péssimos, fruto dessas doses altas de abstinência forçada, pela ausência dele em meus dias, ao longo de tantos anos. Não me lembro mais da sua voz, nem de como me chamava. Não me lembro mais do seu cheiro. Não consigo me lembrar do seu olhar. Não sei para onde ir. Ele não está aqui, pra me dizer qual a estrada seguir. Dia 14 não terei como abracá-lo forte, conversar sobre as coisas da vida. Não consigo aceitar essa distância. Estou paralisada de tanta saudade.