15 March 2014

das despedidas

Não sou boa nisso. Não há uma única sequer que não venha acompanhada de lágrimas. Mas algumas são necessárias. Ontem comentei com um colega sobre um filme que assisti, anos atrás. Chama-se a "A falta que nos move". Dentre outras leituras que fiz, na época, a certeza que carrego ainda é a de que somos movidos pelos nossos vazios. Somos empurrados para frente, na tentativa consciente de superarmos as faltas, as carências, as ausências.


Algumas delas, eu não consigo superar. A do meu pai, nunca. Quando me lembro dele é sempre com saudade e com aperto no coração. Ele faz falta todos os dias. Me movo para alcançá-lo? Me movo para deixá-lo orgulhoso da filha? Me movo para fugir dessa tristeza de não tê-lo por perto [vivo e presente], em meus dias? Um sim para todas as perguntas, e para todas as que nem foram formuladas. É ele, sem dúvida, a minha motivação para não ficar quieta, muito menos paralisada diante dos desafios ou frustrações. Deve ser por isso que amo viajar!
E tem os amores e os sentimentos por outros homens. Meus manos, que seguem suas vidas no norte desse país. Sigo torcendo para que seus caminhos sejam iluminados e cheios de sorte. Meu último pensamento antes de dormir é sempre pedindo proteção de sobra para eles. 
E a falta daquele amor de quem não tem o mesmo sangue que o meu? Ah... não tenho outra saída. Preciso me mover. 
E bom mesmo é me mover na escrita, enquanto escuto ao fundo, uma canção. Adriana Calcanhotto, em sua voz magnânima, nem sabe disso, mas musicou para mim. Em algum momento, sou eu a protagonista. 
E é exatamente como me sinto hoje, ao decretar uma despedida que dói na alma. É assim que me despeço dessa carta para ninguém.


Música: Inverno, escrita por Adriana Calcanhotto e Antônio Cícero, do Álbum A fábrica do poema (1994).

13 comments:

  1. Mudaram-se as cores. Mudou-se a vida. Despedir-se de uma vida que nem começou. Eu que quase não utilizo "tchau", fui obrigado a dizer "adeus". Musica linca, moça. Cheiro

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    1. Que bom que está reagindo.... pensar sobre, processar sobre, tudo isso é super válido para se refazer diante dessa sua falta, tão gigante e, indiscutivelmente, insuportável. Tô aqui. Beijo.

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  2. Toda viagem é feita de despedidas, mas também de encontros - como bem disse Milton Nascimento naquela obra-prima. Muito bom, amiga viajante.

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  3. Saudades de vc viajante,bjos!!!

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    1. Também, amiga!!! Como está o Spa??

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    2. Graças a Deus indo bem amiga!


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  4. Aline Mendonça via FB18 March 2014 at 12:31

    LINDA ESSA TATUAGEM PROFESSORA JUSCINEY!!


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    1. Obrigada Aline Mendonça... arte do tatuador Leopoldo Araujo!

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  5. Ju, não vi esse filme, mas eu tb não esqueço a morte do meu pai e a sensação é a mesma que a sua. Aliás, deve ser com todo mundo. E a Adriana é maravilhosa. Bjs

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    1. Obrigada, Sérgio. Você é um querido. Beijo!

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  6. Como assim "pra ninguèm"???
    Pra todos nós nos inspirarmos a pensar (e escrever) sobre o que nos move, o que nos faz falta.

    Um beijo, amiga, tô super em falta com as blogueiras amigas.
    Culpa de Amora!

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    1. Não há porque desculpar-se... siga sua trajetória, que é de alegrias e nada de despedidas. Beijo!

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