22 October 2014

meu primeiro mês naszoropa

A tarefa não é simples. Resumir em caracteres as emoções vividas, os medos, os percalços, os sustos, os avanços, os tropeços, os risos. Mas é gostoso olhar no retrovisor. Aliás. Um dos melhores espelhos que eu conheço. Amo perceber que estou seguindo e logo atrás há vida, há poeira, há árvores, há pessoas, há estradas, há retornos.

Hoje eu completo um mês na Europa. Impliquei com o número 25, porque foi o dia que cheguei na cidade que eu passaria a residir, mas na verdade a minha viagem começou dia 23. Dia 23 eu simplesmente fechei as malas, pela última vez, abracei meus primos bem apertado, e segui empurrando meus sonhos.
Já no aeroporto em Recife, me desconectei do chip brasileiro. Entendi que além de um novo endereço, teria que ter um novo número, um novo olhar, um novo jeito de lidar com o novo. E caí na primeira tentação. Com a ansiedade me dominando, uma vendedora dessas falantes e solícitas me vendeu [em dólar] um chip internacional. Me disse ela: com esse chip você vai poder falar por 9 meses, sem recarga, em qualquer país que você esteja. Me senti aliviada, em princípio. Imagina a facilidade? Imagina só que delícia estar com um novo contato que eu poderia usar sem medo de ser feliz? Imagina poder viajar pelos diversos países que pretendo conhecer, usando um mesmo número? Foi um momento de felicidade e alívio. Comprei aquele negócio minúsculo e caro, que prometia conforto. Foi o primeiro de uma série de erros dessa viajante que vos fala, marinheira de primeira viagem.
E tudo o mais transcorreu como num sonho. Voo perfeito. Ambiente agradável. Me vi sozinha e rodeada de estranhos que não falavam a mesma língua. Pensei alto e me dei um "parabéns, Leu". Ri sozinha e decidi dormir. A viagem foi muito relaxante. Acordei tranquila, já entre nuvens europeias, para o café da manhã a bordo. Quando me dei conta, já estava seguindo os demais, para dar a minha primeira carimbada no passaporte: a entrada em Paris! Temi que me dissessem em bom francês ou bom inglês: não, você deve permanecer aqui, o dia e a noite inteira, até o seu voo para Lisboa. Me disseram apenas um "bon jour, madame". E saí dali, autorizada e cheia de bagagem, naquele aeroporto que, a meu ver, já era uma cidade dentro da cidade-luz.
E a Paris se revelou pra mim. Fria, com folhas ao chão, arquitetura de filmes,vitrines perfeitas, preços altos, gente andando e saindo e gesticulando. Foi um susto estar completamente sozinha num lugar tão lindo e tão diferente aos meus olhos. Sobrevivi e tive uma noite de sono ainda mais relaxante.
Ao chegar no aeroporto de Lisboa, o meu grau de estranhamento já estava no retrovisor da minha memória. Não estranhei nada nem ninguém. Me senti completamente à vontade com tudo e todos.
E assim tem sido os meus dias de descobertas. 2 novos países já descobertos. Viagens agendadas para mais 2. Talvez 3. Tenho o restaurante preferido. A sobremesa preferida. A manicure. A depiladora. A academia. O supermercado. O cinema. Os novos colegas. A nova orientadora. As novas leituras. Uma pesquisa para focar. A turma da balada. As baladas. O metrô. As paisagens lindas. A rotina. Os amigos, a família, e as TICs, tem funcionado diariamente. Não sei o que é sentir arrependimento. Talvez de ter demorado tanto a considerar que viver em outro país me faria crescer.



2 comments:

  1. Comentários no FB25 October 2014 at 07:21


    Daniel Costa Cruz, Patrícia Muniz, Álamo Pimentel e outras 13 pessoas curtiram isso.

    Anamelea Campos Pinto A experiência de viver em outro país SEMPRE nos faz crescer e muito minha irmãzinha de fé querida. Eu tinha certeza que você driblaria tudo com a sua sempre maestria. Mas o duro mesmo neste um mês de separação é não termos a Juju por perto, né Deise Francisco? Hoje por exemplo, fomos comprar o presente do irmão querido Cleriston Izidro Dos Anjos e cadê os palpites de Ju? Na carona para a UFAL, Álamo Pimentel e eu íamos relembrando das suas peripécias ... ah! as sonhadoras "aquarianas"... Enfim, temos ainda que viver 8 meses longe... será que teremos um encontro na "zoropa"? Petterson Sousa certamente levará o nosso caloroso abraço para aquecê-la nesses dias de frio... quem mais virá? Só Deus é quem sabe... não se esqueça que estou com os meus dedinhos cruzados para que um milagre de natal aconteça! Beijos saudosos.
    22 de outubro às 21:20 · Editado · Descurtir · 4

    Jusciney Carvalho Amém!!! Saudades!!! Pett traga tapioca pra mim!!!
    22 de outubro às 21:22 · Editado · Curtir · 3

    Altair Magalhães Lindo texto!!! Amei!!! Agora sim, eu leio!
    22 de outubro às 21:26 · Descurtir · 3

    Dilma Santana Linda irmã...vc é uma abençoada!!
    22 de outubro às 22:15 · Descurtir · 2

    Dilma Santana Quero ir ai..conhecer tudo isso,de perto! Eu vou Anamelea Campos Pinto. Vamos?!
    22 de outubro às 22:18 · Descurtir · 3

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    1. Venham, venham, venham! Saudade!!! Beijo em tod@s!!

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