9 October 2015

a criança já era

Não, não consigo mais postar fotos da minha infância. O momento da adulta (que pretendo me tornar) exige de mim tal adequação. Tive momentos lindos de vida em família até os 12 e meio, mais ou menos. Me lembro que desde cedo eu tive liberdade irrestrita para ir e vir, sair e viajar com os amigos. Talvez a minha sorte é ter aprendido a fazer uso com sentido, desse "estar livre pelo mundo". Mas adolescer foi muito custoso, sem ter meu pai por perto. A morte é ridícula e invasiva na vida da gente. Poderia ser diferente. Não faço ideia de como. Assim, penso que amadurecer é tão difícil quanto necessário. De fato fui uma criança muito feliz. Mas fazia muita careta e também chorava muito. Nada mudei. Nem numa coisa nem em outra. Hoje o dia começou de madrugada, vendo um reencontro muito lindo no aeroporto: casal de enamorados se reencontram, após um ano, trocam alianças e juras de amor, aos pares de olhos curiosos naquele saguão. Hoje teve a defesa do meu amigo, outro momento lindo. Consegui definir quando será a minha, para logo mais. Tudo lindo. O dia foi longo, mas também triste. Minha mãe tomou uma queda, num piso escorregadio. Tava escuro e ela não percebeu que estava molhado. Felizmente não foi nada sério e ela está cercada de cuidado pelos nossos. Mas não quero acreditar que seja a primeira queda de outras tantas. Sinto muito por não poder estar ao lado dela, fazendo parte dos seus dias, dores, sustos e das pequenas e simples alegrias do cotidiano. A velhice bate à nossa porta e é impositiva. Eu não me lembro mais da voz do meu velho. Nem do cheiro, ou do seu olhar. Não há o que comemorar sabendo que a memória falha, com mais frequência. Nada mais de querer ver foto daquele tempo.  

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