7 March 2016

sangrar, sorrir, amar, fazer e acontecer

Podemos lutar com unhas esmaltadas ou não! Podemos mobilizar forças com madeixas escovadas ou não. Podemos exigir nossos direitos e amar estar na cozinha, ou não, mas nunca porque ali pode ser o nosso único lugar. Podemos estar no Planalto, na lua, na sala de aula, no meio de uma equipe, na construção de um prédio, numa sala de cirurgia, numa plenária do sindicato, discutindo projetos ou apenas e de forma poética, anotando o que falta comprar para fazer aquela sobremesa prometida. Podemos estar em casa, trabalhando no computador, lendo um livro, sem pressa e sem objetivo algum ou conversando com as plantas. O que não podemos é aceitar regras sem sequer ajudar a construí-las. O que não podemos é ser sombra sem nunca ser sol, ou assediadas ou estupradas  porque a saia está curta demais para uma mocinha que é de família ou o decote é provocativo demais para quem quer impor respeito. Não podemos é aceitar caladas que somos sensíveis mas histéricas e descontroladas por isso não temos estabilidade emocional para assumirmos funções gerenciais. Não podemos aceitar os machistas de plantão nem os esporádicos. Basta de tudo o que não podemos. Temos (todas) o desejo de se casar? E queremos (todas) ter filhos? Quem pariu Mateus? Quem é mesmo que vai balançar? Só as mães são felizes? Tem que saber e fazer a comida igual a da sogrinha?? Quem é que vai lavar a roupa? E arrumar a bagunça que criou? E a camisa amassada, quem vai passar? Quem vai acompanhar o filho na escola? Quem deve se levantar, para acalmar a criança que chora e grita madrugada a dentro? Às favas com tantos limites e imposições. Podemos vestir longos e curtos, rosas e pretos, ter autonomia, voz, liberdade, amor, sexo e boa companhia. Podemos ser tudo quando e  aonde quisermos.

2 comments:

  1. Valente! Belo texto, Juba! Cheio de verdades q habitam de verdade dentro de vc. Obrigada por compartilhar seu talento conosco. Bj, amo!

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