28 July 2016

enquanto chove...

Na rua onde moro também habitam alguns moradores de rua. Esteja chovendo ou não, todas as noites, antes de dormir, dedico um tempo em silêncio, pensando sobre isso, ainda que de modo distanciado. Tenho consciência dos meus privilégios, sim, mas isso não me impede de procurar por eles/elas, pelas crianças que crescem e brincam, resistindo às condições adversas, desfavoráveis e perigos presentes no "nosso" entorno.
Claro que gostaria de não vê-los mais ali, sem teto, naquele chão frio, sujo, impróprio para menores, maiores, jovens ou idosos/as. Gostaria de saber que receberam (por direito) dos poderes públicos,um endereço fixo, uma casa de verdade, e não de improviso, para que pudessem residir e desfrutar de um lar, com a mesma dignidade que eu ou qualquer outro ser humano deve ter.
Em dias chuvosos como esse, aproveito para agradecer e também esperançar.
Agradeço pelo aconchego do meu lar, pelo meu trabalho, por todas as minhas conquistas, pela comida que nunca falta e sobretudo pela possibilidade de estar sempre indignada frente à essa realidade, que é gritante e salta aos meus/nossos olhos.
Os moradores da minha rua não são e nem estão invisíveis. Ao menos para mim, nunca estarão. Espero que eu consiga continuar esperançando que essa dureza e crueldade sejam solucionadas pelo Estado que, no meu entendimento, tem o dever de cuidar e proteger a sua população vulnerável.

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