10 August 2016

saudade do meu espelho

Eu queria muito ter meu pai vivo. Pra falar da vida, discutir política, pra ele me contar como sofre sendo negro num país racista que nem o nosso. Meu pai faleceu quando eu tinha apenas 12 anos. Não discutimos nada. Não nos abraçamos tanto. Não apresentei nenhum namorado. Não dançamos. Não fiz nada que uma filha apaixonada gosta de fazer ao lado do seu pai. Eu queria fazer café, bolo, lasanha, pra ele. Queria ouvir todos os seus causos; também poder lhe contar as minhas histórias. Eu queria ter ouvido conselhos. Queria que ele me dissesse palavras de conforto. Que me desse bronca (mais, né?). Queria aprender a gostar de números e finanças, como ele gostava. Queria ter tido o prazer de conversar com ele ao celular, pelo WhatsApp. Trocar fotos e afagos. Queria seu colo. Ainda quero aprender a tocar violão, lindamente, como ele tocava. 

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