22 August 2017

meu blog aos 8 (não parece que foi ontem)

Quando lembro dessa mesma data, oitos anos atrás, após um longo dia de aulas de pós-graduação em Psicopedagogia, surge da memória todo o cenário à minha volta, quando resolvi criar um blog, esse que vos fala, o Foi assim:
Foi naquela noite, sentada num quarto de hotel, numa noite fria do típico inverninho da região sudoeste da Bahia, na cidade de Seabra, considerada a capital da Chapada Diamantina, que está situada a quase 600 km de Salvador, que publiquei a primeira postagem intitulada No interior, o meu interior
Eu procurava, na verdade, dar sentido às vivências daquela época e por isso me sinto até nostálgica ao lembrar desse período da minha vida. Tanta coisa aconteceu. Tanta coisa mudou em mim. Outro dia me dei conta da minha falta de leveza. Do quanto estou pesada. Do peso que é pensar tanto, fazer tanto, lembrar tanto, de tantas coisas que vivi ou que tenho que fazer, providenciar, responder, produzir ou prestar contas. 
É assim que vivo hoje: prestando contas. É um viver quase no automático, sem tempo para ser leve. Sem desejo de ser leve. Isso dói. 

Ao mesmo tempo que dói, me faz lembrar que eu não mudei tanto assim. 

A escrita sempre nasceu de mim com o propósito de me acalmar. Então, ora, o que estou dizendo, se não é o que ainda faço, cotidianamente, quase de modo automático? 
Sim, eu continuo despejando lágrimas em forma de caracteres. Continuo usando palavras para materializar o que fica engasgado, quase me engolindo viva. 
Não, eu não mudei. Talvez tenha me tornado mais densa, daí a sensação de sobrepeso. Não flutuo. Não consigo mais boiar, quando adentro o mar. Fico na superfície querendo entender a profundeza. Não dou mais conta de relações superficiais. Me falta o ar quando me pego sendo ou insistindo na superficialidade. 
Sim, eu sei que mudei em muitas coisas. Talvez, por exemplo, eu tenha conseguido impedir aquela pessoa intempestiva, que mal conseguia segurar a própria voz, falando sem processar o dito e que só emudecia quando algo a incomodava muito. 
Agora é justamente o contrário. Emudeço quando não tenho nada a acrescentar. Mais que isso. Quando eu quero dizer algo, eu não digo, eu escrevo. Isso me faz pausar. A espontaneidade já me colocou em maus lençóis. Penso que consegui dar um basta nesse processo. Ao menos até a página 12. É lento mudar.
Nesse ponto sinto que estou muito igual nesses 8 anos que se passaram entre a criação do blog e essa parada de agora, para falar sobre o hoje.
Sim, eu mudei médio. Talvez eu tente viver mais o presente. Talvez. Os instantes de melancolia vez ou outra me atingem em cheio. Eu suspeito que não consigo me livrar do passado. Estou nele. Sou parte dele. 
Também não consigo fugir do futuro. Quero estar nele. Eu sei que é pretensioso dizer, mas enfim, sou aquário com ascendente em aquário, portanto, é da minha natureza querer projetar metas, desejos, objetivos. Eu projeto tudo. Eu planejo tudo. Eu anoto tudo. Eu amo a possibilidade de realizar coisas grandiosas, pequeninas.
Meu sonho de consumo continua o mesmo de sempre: um lindo reencontro com meu velho, num dia que não sei se virá, mas que eu já estou com as mãos suadas e os olhos a procurar os olhos dele. Escuto a sua voz. Ouço ou seus passos. Me movo em direção à sua presença que reside em meu passado, me acalenta o presente e me enche de esperança com esse reencontro cara a cara, num amanhã que não-sei-quando-nem-onde.
Meu pai, meu blog é o aniversariante. São 8 anos de uma longa caminhada. De 2009 pra cá, eu passei em dois concursos para docente no ensino superior. Pai, eu me tornei a sua filha professora que tanto queria que eu fosse. Mais que professora, eu me tornei uma militante na área de educação! Mas pra isso tudo, eu tive que sair da Bahia. Isso ainda é demasiado forte. Ainda. 
Para fazer jus ao título de "viajante", é fato que passei a viajar muito mais que antes. Passei a trabalhar e a residir nas Alagoas em 2011. Nesses seis anos em Maceió, eu concluí o doutorado, morei em Portugal, por nove meses, desenvolvi uma pesquisa que me orgulho muito. 
Ah, eu visitei outros países entre 2014 e 2015. A sua filha chegou na Austrália! Pode uma coisa dessas, meu pai? Eu pude viver uma história de amor de conto de fadas, com final feliz. Ops, nem tão feliz assim.
A única culpa que carrego é de não encher o bloguito com mais diários de bordo, para narrar minhas andanças por aí, afinal amo viajar e sou apaixonada pela literatura de viagens. Ah.. a paixão é de endoidecer mesmo. Já me apaixonei tantas vezes nesses oito anos.. quero mais isso não. Quero ser par. Quero amor. Quero amar de novo e ser amada de novo, profunda e verdadeiramente. 
Meu blog, o aniversário é nosso. Eu que te criei, sinto que sou muito falha contigo. Gostaria de te dar mais atenção. Gostaria de escrever mais. Gostaria de voltar a boiar e olhar para as nuvens procurando imagens. Gostaria de saber perdoar quem me magoou. Gostaria de pedir perdão a quem eu magoei. Mas sigo mais sensível e menos petulante. Eu não sou perfeita. Nunca serei perfeita. Nem como pessoa nem como escritora. Eu já entendi que nenhum ser humano é perfeito e, claro, nenhum texto é perfeito. Pode fazer sentido perfeitamente para quem o escreve ou para quem precisa do que lê ali, no contexto que vive.
Perfeição mesmo é saber que todos nós poderemos ter autoria de pensamento. Ou que todos os meus aprendizados que são meus, podem ser partilhados com outras pessoas e vice-versa.
A minha maior alegria é poder comemorar esses 8 anos de blog, sem jamais ter plagiado ou desejado plagiar; sem jamais querer ser a blogueira mais acessada e, por causa disso, passar a escrever sob encomenda. 
Não, a escrita para mim não vai gerar lucro financeiro. Não escrevo para ganhar dinheiro, muito menos para angariar "likes". Escrevo porque isso me liberta. Escrevo porque isso me dá prazer. Importa que eu queira escrever. Importa ser livre. Importa escrever com liberdade. 
Bodas de barro? Bodas de papoula? O que há de fantástico nisso? Nada e eu não vou aqui perder meu tempo para contabilizar quantas postagens eu fiz ou quantos comentários eu ganhei. Isso é pura vaidade. O blog, embora leonino do último dia, vem deixando a vaidade de lado e tem buscado ser menos competitivo.  
Nessa data tão simbólica, eu finalizo pensando que, se há um casamento feliz nessa história toda, deve ser esse mesmo: o ato de eu continuar escrevendo com liberdade. E assim como o 8, símbolo do infinito, que seja infinito esse meu desejo de continuar sendo livre, também na escrita.

2 comments:

  1. Esse seu desejo de escrever jamais vai se extinguir! Que venham mais oito anos de blog!
    Beijos

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    1. Obrigada pelos votos e pela "visita", querida Paula. Logo nos veremos. Sua escrita vale ouro. Te admiro muito!! Um beijo

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