22 September 2019

1 mês atrás

Dia 22 de agosto de 2019 meu bloguito ficou 1 ano mais velho. 1 mês atrás a mamãe dele estava às voltas com a visita de avaliadores externos do Mec, para fins de recredenciamento da educação a distância da Ufal.
Dito isso cabem minhas desculpas, por esse atraso no registro de minhas felicitações ao môblog, por não ter conseguido pausar e escrever sobre essa data tão redonda, tão decenal, tão importante em minha trajetória como blogueira.
10 anos atrás eu vivia viajando de ônibus, pelas estradas da Bahia, aos finais de semana, para ministrar aulas de pós-graduação em Psicopedagogia. Por falar nisso, já me lembro que 2009 foi um ano que quase não curti minha morada em Salvador. A onda de trabalho era assustadora.
E de lá pra cá, será o que mudou? Mudou muita coisa em mim, na minha caminhada, mas o trabalho sempre foi prioridade, isso se manteve.
10 anos passaram voando, mas lentamente. Vivi cada mudança como se fosse a última. Festejei cada novo endereço, mesmo ciente de que era provisório. A provisoriedade vem me acompanhando e essa sensação de que "ainda vou mudar de novo" é uma constante em meus dias.
10 curtos anos me fizeram passear e atuar em diferentes espaços da educação, nos três setores da sociedade. Trabalhei em instituições privadas, mergulhei no universo das ONGs e, a partir de 2011, cá estou eu, dedicada exclusivamente à educação superior pública.
A escrita acadêmica e também a escrita livre permearam boa parte dessas experiências.
Aprendi a fazer relatórios técnicos, projetos pedagógicos, artigos científicos, organizei um livro, defendi uma tese e a partir dela, publiquei "Tem preto de jaleco branco?"
Já os desabafos espontâneos, por meio de crônicas e diários de bordo me renderam a calmaria. O blog sempre foi meu espaço predileto para despejar meus sentimentos, só que o ingresso no serviço público federal me despertou para militância, para necessidade de escrever sobre as muitas indignações que fui acumulando, nos últimos 8 anos.
O blog nasceu em 2009 e foi criado por uma pessoa muito diferente da que sou hoje e de quem estou me tornando. Há quem sinta saudade daquela blogueira das narrativas autobiográficas. Eu sinto saudade dessa fase, de mim, claro, da minha juventude, da minha leveza também.
Mas é importante destacar que gosto muito mais de mim agora, assim mesmo, do jeito que me manifesto. A ingenuidade foi sendo diluída e sumindo, a partir das águas de março de 2011, quando em apenas 1 mês de universidade pública, quando a ficha caiu, eu já me sentia profundamente comprometida com debates importantes envolvendo desigualdades étnico-raciais, democracia, a onda privatista na educação e a  consequente descoberta da necessidade de rever tantas coisas em mim, para compreender melhor meu papel nesse cenário.
Lembro que na nomeação para o cargo de docente do magistério superior, da rede federal, eu assinei o documento de posse já consciente dessas transformações tão necessárias quanto urgentes.
10 anos se passaram e essa liberdade de escrever tem sido muitas vezes cerceada ou criticada, pelos leitores e leitoras que me seguem e dão retornos tão importantes.
Eu não faço ideia de como conseguirei resgatar aquela comicidade tão presente em meus textos de antes. Talvez a comédia não seja o meu forte. Talvez a melancolia me represente mais. Escrevo com paixão sobre as ausências físicas de pessoas muito amorosas e queridas que partiram desse tempo e espaço e, infelizmente, nunca mais vou poder conversar olhando nos olhos.
10 anos se passaram, meu corpo mudou, meu cabelo mudou e, sem dúvida nenhuma, minha apreensão do mundo, graças aos céus e orixás, também segue mudando.
Por isso a minha alegria ao finalizar essa reflexão. O foiassimdoispontos continua sendo meu, meu espaço livre, sem patrocínio, com minhas marcas, com minhas angústias, com minhas franquezas e com minhas fragilidades.
Me sinto e sei que sou muito mais humana e interessada na humanidade que antes. E os meus textos vão continuar refletindo quem escolho ser, considerando as minhas experiências como pessoa, como mulher e como profissional. Desejo mais 10, 20, 30 anos de escritos reflexivos e que a minha escrita continue me acalmando!

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