21 April 2021

mais do mesmo

Estamos finalizando abril e chegando a quase 380 mil mortos pela COVID no Brasil e a sensação que permanece é dessa completa impotência diante desse fenômeno social que estamos implicados.
A economia rapidamente vai se reinventando e criando novas formas de lucros e dividendos entre os mais ricos e os mais pobres.
A impressão que também está mantida é que a desigualdade aprofundada tende a determinar mais e mais quem pode sobreviver, ou quantos poderão sobreviver.
Queria escrever com leveza, sobre algum romance, de forma poética, mas não cabe! Não me caibo mais nesse universo paralelo e não sou como o mercado. Não sei me reinventar e apresentar alegria ou prazer diante de tanto luto.
Minha família vai bem, muito obrigada por perguntar. Bem verdade que tomamos alguns sustos, de março de 2020 até aqui, mas não enterramos ninguém.
No entanto, a dor alheia me mantém atenta, aflita. A gente é informado o tempo todo sobre amigos que estão contaminados, que perderam pai, mãe, tios ou primos. A morte está à espreita. Muito perto de nós. Não podemos nos blindar ou pensar que porque conseguimos o feito de nos isolarmos, que estejamos protegidos. Não é assim que a banda toca.
Essa crise nos atinge de diversos modos, seja pelo distanciamento físico de afetos seja porque estamos, no contexto da educação, trabalhando de uma forma muito mais precarizada que antes, e sim, ainda temos que agradecer por estarmos entre os sortudos que estão trabalhando e não estão entre os muitos com insegurança alimentar.
Tem gente morrendo de fome. Tem gente desabrigado pelos temporais. Tem gente surfando na onda dos serviços online. Tem muita gente sendo explorada pelos donos de empresas que enriqueceram (justamente) na pandemia.
Eu nem sei sobre o que pensar mais. Nem sei se vale a pena escrever mais do mesmo. Sei que o desabafo me ajuda a respirar, em tempos que só podemos agradecer por termos bons pulmões, olfato, paladar e energia para seguirmos em frente, sem sabermos o que ainda de pior vem pela frente.

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