31 May 2020

todas as vidas negras importam

Importante ressaltar, em pleno 2020, que a pauta da igualdade racial no Brasil é bem recente, embora tenha sido necessária desde a colonização das Américas.
No final da década de 90, com as políticas afirmativas  finalmente desenhadas e gradativamente sendo instituídas em lei, começamos a compreender a necessidade urgente pelo que denominamos um projeto de “reparação” para garantir os objetivos de proteger, valorizar e afirmar as vidas negras, por todos os danos, prejuízos e violências de todas as ordens, pelo não acesso e (portanto) não direito à liberdade, ao voto, à propriedade privada, ao trabalho, à saúde pública e a educação pública de qualidade. 
Mas uma vez pautadas tais políticas, penso que esse é um caminho (felizmente) sem volta. 
Não há lugar para retrocessos. 
Há lugar para o combate à discriminação racial, aos ataques de covardes e desonestos que querem usurpar as cotas nos concursos públicos e nas universidades. 
Há lugar para denúncias que estão cada vez mais presentes entre nós. 
Não por acaso, em plena pandemia, a onda de mobilização e protestos nas ruas e nas redes sociais se intensificaram não somente nos EUA, país que inaugurou as políticas afirmativas e, só por isso, não pode abrir mão da justiça e da defesa intransigente pelo direito a pertencer a territórios e espaços sociais e estimular continuamente a mobilidade social de negros e negras. 
Não é possível aceitarmos retrocessos, não pode ser natural nem permitido o genocídio da população negra, nem que a violência de policiais truculentos vitimem crianças, jovens, homens e mulheres a céu aberto, dentro de suas casas e até de carros, como o caso Marielle.
A pauta do racismo estrutural, do preconceito racial e da importância das políticas de igualdade racial permeiam nossas vidas e só tendem a ser ampliadas. Estão nos jornais do mundo inteiro, nas pesquisas científicas das universidades comprometidas com o fim das desigualdades, está presente nas legislações dos países, na ONU, nas novelas, nos filmes, nas séries, nas mídias e nas vozes vorazes dos milhões de negros e negras e não negros e não negras que compreendem se tratar de um problema social da humanidade, não apenas do movimento negro. 
Pautar a igualdade racial no Brasil e em qualquer lugar no mundo deve ser uma prioridade máxima para plena garantia dos direitos humanos. 
Desumanos como Trump e Bolsonaro, e suas equipes racistas, não passarão!!!

Jusciney Carvalho Santana, 31/05/2020.

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