por uma cultura de paz (também) na escola

A realidade está tão surreal que semanalmente somos noticiados sobre novas tragédias em escolas… não digo que acontecer um assassinato em série numa festa, num estádio de futebol, numa praça ou num supermercado sejam “eventos” razoáveis para digerirmos. 

O lamento sempre será bem-vindo e as ações de segurança pública (e também privada) precisam ser reforçadas. 

No entanto, eu penso ser inadmissível que as famílias passem a desacreditar que a escola seja o melhor lugar para seus filhos estarem na infância e na adolescência. Mas do jeito que a banda tá tocando, os fãs do “homeschooling” logo aumentarão e criarão argumentos e mais argumentos para esvaziarmos as escolas e a educação escolar perder a vez para a educação doméstica e, não menos voraz, fortalecer a já fortalecida pela pandemia, a educação a distância, como estratégias que darão conta da segurança de nossas crianças.

As tragédias são repetitivas fora e dentro do Brasil. Escola nunca deveria ser associada a nenhum tipo de violência. Mas as desigualdades sociais gritam e matam. E a escola não é uma ilha, não está isolada do que acontece fora dos seus muros. 

Quando cursei o mestrado em desenvolvimento humano e responsabilidade social, eu me lembro de ter cursado uma disciplina de nome esquisito, que eu não vou conseguir lembrar agora, mas na ementa a “cultura de paz” estava lá

Naquela época (quase 20 anos atrás) me soou tão distante pensar que o campo da educação precisaria promover paz… ora, ora… isso não é da própria natureza do ato de educar? Quando nos deseducamos é que criamos o caminho da violência, mas não é possível imaginar que a escola, enquanto instituição reconhecidamente de valor para formação humana, contribui justamente para deseducar. 

Mas sim, se pensarmos bem o que acontece no interior das escolas (públicas e particulares) com situações de preconceito, discriminação, homofobia, enfim…. do racismo ao bullying, compreenderemos que estimular a cultura de paz precisa sim, fazer parte da responsabilidade pessoal e coletiva de toda instituição educacional.

Lamentar só não resolve nada e nem trará as vidas perdidas, das crianças, de professores e muito menos vai por fim à tristeza e desesperança de suas famílias impactadas.

As tragédias precisam ser fonte de inspiração para um mundo de paz, esse mundo ideal do campo escolar que acredito e valido como ser social que sou e como profissional da educação.