21 August 2020

reflexões da véspera: 11 anos de blog!

No mês de aniversário do meu blog sempre busco renovar suas vestes e legitimar suas intenções desde que foi criado, em 22 de agosto de 2009. Lá se vão 11 anos! Muito bom manter um espaço na internet onde posso armazenar meus escritos sem vigilâncias e regras da ABNT. Melhor ainda poder escrever com liberdade. Bom poder escrever minhas cartas, meus desabafos, minhas crônicas, minhas poesias, meus diários e até minhas listas. Bom poder escrever sobre o que me afeta, quando e como eu quiser.

Bem verdade que eu nunca imaginei o que seria viver (e escrever) numa pandemia. Pra dizer a verdade, a palavra pandemia não fazia parte do meu vocabulário. Quando muito usava este termo, era para dizer que em um dado momento tudo estava fora do lugar. Pandemia, no sentido mais restrito, sempre me pareceu uma zona, uma desordem, mas algo muito provisório.

Eis que a pandemia do coronavírus foi decretada e de lá para cá estamos tateando e descobrindo as diferentes faces da desordem em nossos dias, nossas rotinas, nossos presentes e, sem nenhuma dúvida, da incerteza quanto aos nossos futuros.

E como comemorar 11 anos de blog, num momento em que o ato de celebrar não combina em nada com o número de vítimas que só cresce?

É possível celebrar o ato da escrita mas é também mais uma contradição, em meio a tantas outras, nesses tempos pandêmicos. É preciso comemorar o meu exercício de autonomia e resistência na condução desse bloguito despretensioso! São 11 anos, 570 escritos, sendo 559 publicados e 11 rascunhos, que logo mais serão apenas 10, pois este texto vai ser publicado HOJE!

De 2009 para cá minha vida mudou muito. Viajei bastante, conheci outros países, outras gentes, outros sabores. Cheguei até a Austrália. Corri com os olhos acompanhando o movimento dos cangurus. Morri de amores por Roma. Me senti moradora de Lisboa, paguei muitos micos, passei perrengues, amei comprar pão francês em Paris. Me derreti com a neve pelas ruas e telhados de Berna e Genebra. Bebi água de uma fonte na praça em Zurique.

Aprendi muito nesses 11 anos que passaram tão depressa. Melhorei o inglês. Li muitos livros e artigos envolvendo gestão, raça, racismo, políticas afirmativas, educação superior, avaliação institucional. Comecei e concluí o doutorado, submeti projetos, publiquei artigos. Estabeleci novas relações na universidade. Morei em Alagoas por 9 anos e dentro desse tempo, 9 meses em Portugal.

Tempo de muita militância. Me tornei uma ativista pela educação de qualidade, por equidade racial, por justiça social. Passei a gostar de política, uma herança que herdei do meu velho, que só estava adormecida.

Pela minha indignação com os governos atuais, eu me distanciei de pessoas muito queridas. É mais um motivo para eu continuar insistindo que qualquer representante político, sobretudo quem ocupa a presidência, tem obrigação de cuidar das demandas do seu povo, pacificar um país, e não disseminar ódio, violência, preconceito.

Mas também foi tempo generoso que eu construí novos elos de amizade que espero que durem pra sempre. Ganhei irmãs em Maceió. Perdi duas grandes amigas em Maceió. A vida passou a fazer menos sentido sem elas. Três tios se despediram de nós. Um primo partiu de forma abrupta. Isa deixou pai, mãe, amigos desfalecidos.

E é só por essas tantas coisas na vida, que me sinto motivada a escrever mais e mais. É a forma que encontrei para despejar sentimentos em forma de palavras e assim esvaziar dores do peito. São tentativas. São cenas terapêuticas que reinvento, a cada lágrima que produzo, a cada abandono que carrego.

A saudade me fez escrever muito mais sobre a saudade.

12 comments:

  1. Chorei tb! Parabéns, “moblog”. Meu sobrinho...��❤️

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  2. Muito bom, Juba! Parabéns pela persistência, pela clareza aa mudança do tempo e pelos registros sempre muito bonitos. Pelos espaços de escrita libertadora sempre! Bjs

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    1. Por mais escritos leves... meu sonho... <3 Obrigada, amiga!

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  3. Uma viagem no tempo, Viajante. <3

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  4. Seu blog, seu filho, leonino, não morreu. Viva!

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    1. Vivinho da Silva Sauro! 😊😊😊 beijo amiga

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  5. Escrever é colocar ordem no caos! Continue assim Ju. Beijos

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    1. Verdade, Paula... parece que fica tudo arrumadinho, apesar da bagunça...risos... beijo!!

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  6. Sou leitora e testemunha de alguns fatos narrados. Parabéns, sobrinha querida ! Que venham muitas outras histórias pra nos emocionarmos juntas! 👏🏼👏🏼

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    1. Ainda vou prefaciar o seu livro de crônicas do cotidiano!! Eu estou já emocionada com todas as suas narrativas escritas. As faladas já são encantantes!! Te amo ❤️

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