26 January 2023

10 anos depois: a tragédia da boate kiss

Eu confesso que o tema da morte sempre me instigou. Procuro filmes, documentários, livros, relatos... não gosto do tema mas o que faço é tentar compreender melhor o sentido da morte, se é que existe, para além do fato de ser a única certeza que temos em nossas vidas.

A série intitulada Todo dia a mesma noite me ganhou pelo nome. Fiquei atenta ao dia da estreia e no dia 25 de janeiro de 2023 lá estava eu, entre lágrimas e indignações, tentando ser mais empática, tentando não naturalizar os tantos crimes cotidianos que são noticiados pela mídia, nas redes sociais e que, muitas vezes, lamentamos a ocorrência mas não buscamos compreender quem são os culpados. Se se tratou de um acidente ou apenas de (mais) uma tragédia anunciada.


Na noite de amanhã, dia 27 de janeiro de 2023,completam-se 10 anos da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria. Noite que nunca será esquecida nem os dias seguintes, pela população de lá e muito menos pelos familiares das 242 vítimas e dos 636 feridos. Me lembro que em 2013, quando aconteceu, eu fiquei muito triste, horrorizada com essa tragédia que sim, poderia ter sido evitada, se a fiscalização dos órgãos impedissem a autorização de funcionamento daquele estabelecimento, se a vigilância fosse séria, ética, respeitada pelos agentes públicos e pelo proprietário da boate.

Foi um soco (necessário) no estômago acompanhar os desdobramentos, a partir da série que foi inspirada no livro de Daniela Arbex que como a própria descrição do seriado enfatiza ao final foi produzida "por memória, por justiça e para que não se repita".

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10 anos depois, com tantas mudanças no mundo, na política, e com pouquíssimas mudanças nos tribunais de justiça, julgo que foi um soco necessário no meu estômago porque de fato não podemos esquecer as coisas que nos causam indignação. Não são questões privadas, que dizem respeito aos familiares enlutados. São questões coletivas, públicas, assim como todas as demais tragédias ambientais e humanas que são geralmente interpretadas como acidentes ou desastres.

O maior desastre é esse mesmo: quando nos omitimos nos tornamos cúmplices e delegamos sempre às instâncias superiores que resolvam por nós, questões que não são de nossa responsabilidade enquanto indivíduos. 

Todos deveriam assistir. Todos nós deveríamos lutar em defesa da vida humana porque afinal, de tragédia em tragédia vamos perdendo nossa empatia, nossa solidariedade e nossa esperança.

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