"Que a vida devia ser bem melhor e será..."

Exatos três anos em contato com o mundo dos blogs! Poderia começar dando os parabéns a mim? Aos visitantes e passageiros? Às viagens inspiradoras que ao longo desse tempo fui acumulando, gostando, curtindo e narrando aqui? Aos momentos de melancolia ou felicidade, extremas, que me propiciaram desaguar na escrita os meus afetos? A quem felicitar? A quantos dizer obrigada por fazerem parte dos enredos e tramas que eu inventei?

Se eu fosse pensar em termos de desenvolvimento humano, diria que os três anos de uma criança são a idade das primeiras grandes conquistas: a fala mais articulada, o andar e o correr mais seguros, quando se consegue sonhar em amarrar [sem ajuda] cadarços com sucesso, as perguntas difíceis e constrangedoras que inquietam e encantam os adultos. São tantos porquês, são tantas novidades, são tantas vontades de devastar os mundos, todos novos, coloridos.
Cada ser seduz: da mãe que alimenta, do pai que dá limite, da borboleta que brilha, da chuva que molha, do coqueiro que dá sombra, do mar que hipnotiza. Tempo dos "nãos" incansáveis, ouvidos e muitas vezes rechaçados. De levantar cedo e querer dormir muito tarde, quando o corpo amolece depois do último suspiro ao abandonar o brinquedo mais adorado.
Não, não posso pensar no Foi assim: como se menino levado fosse. É um "serzinho" quente, embora líquido. Um espaço agradável, que eu não me canso de brincar. De me indagar por quem [diabos] os sinos dobram.
Sou eu, então, a menina-mulher levada, cheia de perguntas, inquieta, carente de atenção e de limites que não foram dados no tempo certo, pela ausência do pai amado, que partiu cedo e impôs um novo ritmo, uma nova forma de lidar com as frustrações e os incessantes desafios.
Esse é um momento especial sim, de renascimento. De novas escolhas, novas rotas. De vontade de acertar mais, conquistar mais, viajar mais. Enquanto escrevo, lembro que este é mais um diário de bordo, já que ainda estou em Recife, nessa viagenzinha que, felizmente, aliei prazeres com obrigações.
Me hospedei e amei estar com um casal de primos. Nos deslumbramos com as praias do sul. Fotografamos muitos coqueiros pernambucanos: lindos, leves, soltos, vastos. Apresentei trabalhos num congresso. Ganhei elogios. Me critiquei um bocado. Adquiri mais uma experiência gratificante: a de me perceber no movimento constante pela minha paz interior, pelo meu crescimento profissional.
E volto para o meu canto, muito serena, mais leve e mais densa. Comemorar, portanto, é festejar [minha] vida. A que me possibilita realizar coisas, sentir emoções novas, ou reencontrar as mais antiguinhas. É muito bom estar saudável e viva. Daí a minha felicidade em poder tecer mais esse fio, cada dia mais comprido: escrever é assim: uma forma reconfortante de alongar a minha história nesse mundo. Vida longa pra todos nós, seres reais e virtuais!

*Trecho da música O que é, o que é? de Gonzaguinha, no título.