22 April 2014

dos percalços

Fazer doutorado é estar em sobressalto sempre. Tem dia que acordo exausta. Tem dia que me animo. Tem dia que me estresso. Tem dia que me isolo. Tem dia que quero rua. Tem dia que invento faxina. Tem dia que fico horas lendo [ou inventando] receitas de suco verde. Tem dia que fujo pro cinema. Tem dia que fujo pro blog [ops]. Não adiantam muito as voltas que dou. Paro diante de mim e as perguntas me assombram: por que resolvi fazer essa viagem? Essa estrada que entrei me leva a algum lugar seguro? Será que tenho fôlego para sustentar essa subida? Sou eu mesma a protagonista disso tudo? Por que não termino logo com esse suplício?

Daí que não disponho de respostas e sigo fingindo [muitas vezes] que o problema não é comigo. Hoje, por sinal, é um dia feliz, mas só pela metade. Passei no exame de proficiência em inglês. Deveria estar comemorando, mas não tenho tempo. Tenho que finalizar o relatório de qualificação. Portanto, nada de comemorar, afinal, não fiz mais que a minha obrigação.
Na verdade todos os dias de doutoramento tem sido de metades. Feliz por escrever e triste por não escrever muito. Feliz por ler coisas interessantes e triste por não conseguir transformar 20 páginas lidas, em dois parágrafos coerentes e coesos com outros escritos.
Sigo assim: confiante e relutante em aceitar essa "gravidez". De tanto falar sobre, já me perguntaram quando nasce. Não me perguntaram quem é o pai.
Para a primeira pergunta, até abril de 2016, caso não tenha nenhuma complicação no parto. Se antes, será uma linda e adorada tese prematura.
Para a segunda pergunta, me desculpem os tradicionais. Faço parte das mulheres que assumem seus filhos e riscos de forma independente. Se terei netos? Ah, não me imagino sem uns dois ou três fofos livros.
O meu problema não é como vou dar conta de um bebê sem a avó por perto. Meu problema é parir 300 páginas e não querer correr para os meus coqueiros, que são tão mais reais, fascinantes e não me cobram dedicação.
Basta de devaneios, por hoje. O dever me chama. A Negra Maria Tese está me chutando aqui dentro. Preciso voltar para o final do capítulo 1, que trata sobre os caminhos da expansão e da democratização no ensino superior em Alagoas.

8 comments:

  1. Amiga te admiro!
    Vc sabe que eu já andei sonhando com a academia. Tivemos um flerte, uma paquerinha. Mas esse relacionamento não engatou, não vingou!
    Gestar trocentas páginas é mto difícil! Os louros vem depois do parto, mas até a mãe sofre mto. Priva-se. Culpa-se.
    Fico com essa segunda gravidez aqui, que apesar de difícil, tem seu glamour e seus paparicos.
    Força!
    beijos.

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    1. São percalços bem diferentes!!! Mas penso que parir uma tese não será meu passaporte para o paraíso!!!

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    2. Sua gravidez é um estado de arte.... te admiro muito, pela coragem de continuar esse projeto de família, tão lindo e delicado. Força, também... Beijo!!

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  2. Anamelea via FB23 April 2014 at 21:53

    Estarei sempre aqui para ajudá-la a tirar as pedras do caminho. Obrigada pelas lúcidas palavras na noite de hoje.

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    1. Sei disso, amiga!! Obrigada pelo apoio incondicional e o carinho de sempre. Beijo!

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  3. CORAGEM essa é a palavra!

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    1. Coragem, coragem, coragem... obrigada Ró!! Beijo

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  4. Nossa, esses seus dilemas são de fácil identificação. Entendo perfeitamente. E mt. bjs

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