28 July 2014

anybody in home?

Era assim que ao abrirmos "nossa casa" buscávamos descobrir que realmente estávamos à sós, protegidos de olhos e ouvidos externos. Era desse jeito que nos descobríamos trancados. Dia após dia, noite após noite. Tornou-se nosso código secreto. O nosso "enfim sós".
O tempo passou rápido. É difícil aceitar que agora a casa só conta com um coração. Os corpos não se encontrarão mais na varanda. A mesa do café não contará com duas xícaras ansiosas por doses de calor. A quem mesmo desejar "bom dia, meu amor"?
Depois de ontem, descubro hoje que a vida segue sim, mas não com a mesma dinâmica, com o mesmo ritmo e muito menos com o entusiasmo da véspera. As lágrimas correm soltas. Um luto que resisti e ainda resisto. O sentimento não morreu. E quer sobreviver. Oceanos se apresentam agora, mas, cá entre nós, eles sempre existiram. De que são feitos os sonhos, se não nos movemos [até o fim] para merecermos vivê-los?
Não, não há mais ninguém em casa. Nem eu existo mais sozinha. Está tudo inundado de dois: dois pares de olhares perdidos, por aí, dois corações tristonhos, relembrando coisas lindinhas, duas almas que se desejam muito mais que antes. Se em inglês ou em italiano ou em português, declarar já não nos basta. Nenhuma tradução nos basta. Será mesmo preciso emitir novos bilhetes internacionais.

7 comments:

  1. És uma romântica incorrigível. De novo Macaxeira, mas só até atravessar os mares! Que seja em breve!

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    1. Ebaaa... viva os últimos românticos!!! Beijo!

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  2. Lindo, Ju! Algo aí de diferente... Que as travessias sejam leves. Beijos.

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  3. Life goes on, amiga viajante. A travessia continua... Gostei demais desse seu texto. Um beijo.

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    1. Obrigada, Marcelo!! O amor inunda a alma... sempre! Beijo!

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  4. Bonito e melancólico, Ju. Ótima postagem. bj

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