5 July 2014

"...do visgo que me prendeu..."

Nunca mais tinha sentido vontade de escrever meus [quase] contos! O doutorado e suas obrigações me desviaram desse interesse. A copa no Brasil também desviou a minha atenção. Bastou eu aportar no Rio de Janeiro e tudo mudou.
E "quando eu dei por mim, nem tentei fugir..." me lembra agora uma canção fofa. Realmente, eu não tentei fugir do que foi inesperado. Não tentei fugir do olhar. Não tentei fugir da atração. Não tentei fugir da dificuldade no diálogo. Não desviei o rosto no primeiro beijo, nem no segundo, nem de nada do que nos acometeu dali, do primeiro encontro em diante.
Eu andava meio ressabiada com as paixões. Acumulei muitos desafetos. Foram vários desalentos somados. Por causa das desilusões e dos desencantos, eu procurei me concentrar na minha tese, na minha "vida estudantil", entendendo que disso, certamente, é que eu não poderia fugir, afinal eu tenho compromissos assumidos, dentro de prazos definidos. E não sou de fugir. Descobri que as rotas de fuga não são minhas amigas. Me distraem e percebo claramente que os desvios me deixam ainda mais impotente. Preciso fugir das fugas.
Voltando ao "visgo que me prendeu" fato é que, quando estamos mais distraídos e leves, a vida nos presenteia e se encarrega de fazer nosso coração vibrar novamente. E eis que numa noite de festa e de brindes e de reencontros, na cidade maravilhosa, eu me deparei com um ser humano incrível, de atitude, de olhar terno e curioso. Certo que ele também se surpreendeu. Nossa surpresa foi comemorada com abraços e beijos e ... escrita! Não me lembro de ter vivido nada assim, com tanto romantismo e cumplicidade, mesmo nós dois pertencendo a mundos e continentes tão distantes.
Conversando sobre essa paixão tão improvável, uma amiga me alertou com olhos arregalados: viva seu romance [de inverno] mas entenda que isso é passageiro. Me deu uma dor tão grande imaginar que isso [também] é passageiro! Logo eu, que vivo em busca de algo que me estabilize. Logo eu que procuro por uma âncora. Logo eu que me cansei de tudo o que é provisório. Logo eu que quero desfazer as malas e estacionar num canto.
E se for passageiro mesmo? E o que farei com essa sensação boa de [finalmente] pertencer ao pensamento de alguém? Não sei o que farei de mim. Os romances de verão tem prazo de validade. Quando Março chega, de fato as águas se renovam. Desconheço como são os efeitos dos romances de inverno. É a minha primeira grande experiência e confesso que nem gostaria de ter outras pela frente. É nessa história que eu gostaria de ficar. E viver, e viver, e viver.

A música citada no título e no post chama-se "Todo azul do mar". Eu a dedico a esse ser especial que tive o imenso prazer de conhecer no Rio de Janeiro. A canção é de Flávio Venturini (1999), do álbum Linda Juventude. 

7 comments:

  1. Mana Dilma via FB5 July 2014 at 19:38

    Lindo maninha e mais lindo ainda ter conhecido esta pessoa da Oceania... é isso? Que tanto lhe encanta...e nos encantou a todos!
    Sei do seu romantismo... do ser profundo e subjetiva que é e torço pra que tudo seja vivido como "pra sempre"! Esqueçam as estações, o tempo, a geografia...apenas vivam!

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    1. Ohhhhhhh... "cunhado" aprovado!! Assim fica mais fácil cruzar qualquer oceania... risos... obrigada pelo incentivo mana! Te amooo... beijo!

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  2. Lindo texto Ju. Viva intensamente esse encontro e seja feliz!

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    1. Vou viver!! E usar [finalmente] os meus presentes de aniversário das Escravas... risos... beijo!!

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  3. Pois que seja infinito enquanto dure, amiga viajante. Let it be!

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    1. ...posto que é chama.... risos... obrigada Marcelo! I want be happy! ;)

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  4. Ah, que lindo, Ju. Seja feliz. Costuma-se dizer que amar faz sofrer, mas quem não ama tb é infeliz. Complicado. bjs

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