14 December 2024

14/12: o dia do meu velho

Eu circulo essa carteira de identidade do meu pai faz um tempinho. Tenho pouquíssimos registros dele, porque até a década de 80, quando ele partiu, em 1982, a nossa vida em família não contava com celulares, máquinas fotográficas instantâneas. Nossas fotos eram sempre 3/4 para o ano letivo seguinte e poucos momentos de festas. Eu não desculpo nunca o tempo por ter me privado de não ter mais memórias com ele, memórias físicas, incluindo fotos. 
Seria muito gostoso ver ele mais novo, com minha mãe, no nascimento do meu mano Mô, nas chegadas e partidas da Laranjeira, dele dirigindo, ou tocando violão ou fazendo pose para selfies. Queria muito ter vídeos deles com os netos e com os bisnetos. Queria ter muitas conversas com ele, ao vivo e no whatsapp, ver ele usar figurinhas, aprender a interagir nos grupos e, sim, discutir política. Ah, hoje seria um dia potente... risos...
Queria ter visto ele dançando com minha mãe, com minhas irmãs, ou assistindo o Vasco (perder) ao lado dos meus manos. São imagens imaginárias, de cenas que não existiram mas que seriam lindas, que seriam memoráveis. 
 Estou escrevendo muito ultimamente e deve estar todo mundo cansado dos meus textões. Talvez não importe pra ninguém o que sinto ou o que desejo materializar em palavras. A escrita me salva de mim. Deveria fazer terapia além da escrita e da faxina? Sim, deveria. Mas quem convive comigo sabe o quanto consigo respirar melhor depois que escrevo ou ando descalça com o chão limpo e as plantas 🌱 alimentadas. 
Meu canto no mundo é na escrita mas é no meu lar que encontro meu pai. Sim, o violão continua paradinho, esperando meus dedos. Um dia vou te (re)encontrar na minha sala, numa canção de Roberto Carlos, o “outro cabeludo” que o senhor tinha muito ciúme pois minha mãe adorava! Ela ainda adora mas também gosta de sertanejos… acredita nisso?? Eu vou sempre te homenagear meu pai! Hoje completaria um século e, de novo, não perdoo a vida, as circunstâncias da sua partida tão repentina.
Viveríamos contigo, cercados de seu cuidado e amor. Estamos conseguindo fazer essa tarefa a partir da nossa mãe e dos filhos e filhas que o núcleo Santana nos presenteia! Gratidão por ser sua filha, por ser a sua filha professora, como queria que eu fosse.

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