O dia 21 passou a ter um significado muito especial pra mim. Fui empossada na Unilab, minha nova universidade, em 21 de janeiro de 2025. Lá se vão 2 meses de muitas novidades, muitas adaptações e muitos desafios que acolho e cuido de dar conta, como sempre o fiz na minha vida profissional.
Ano passado, no dia 21 de março, foi um dia duplamente marcante. Coordenei um evento grandioso, no salão nobre da reitoria da UFBA, sendo eu professora externa, que estava em pós-doc no Posafro. Posso afirmar que este evento foi um divisor de águas na minha vida. Primeiro pela ousadia de enfrentar todos os setores institucionais para dar conta de uma atividade de extensão que assumi enquanto organizadora e foi muito, muito exaustivo e também gratificante, por entender, com esta experiência, que posso tudo mesmo, em Cristo que me fortalece, desde que eu tenha autonomia para fazer as coisas que a mim me chegam.
Também nesse mesmo dia de 2024 eu consegui dar um ponto final numa relação que me doía da hora que eu acordava até a hora de me recolher. Eu tive pausas boas, memoráveis, de situações lindas que vivenciamos juntos e que, óbvio, guardarei na lembrança porque nada é só coisa boa e muito menos só coisa ruim.
Os dois lados sempre existem pois qualquer relação é capaz de gerar tensões, angústias e dissabores. Somos seres vivos e principalmente somos muito imaturos, mais do que deveríamos, quando se trata de relacionamentos interpessoais. É assim no trabalho, na família, com pais, com irmãos, com amigos, com colegas, com vizinhos, com serviços que contratamos... se estamos nos relacionando, os conflitos surgem naturalmente. Não é possível evitá-los, mas é possível fazermos novas escolhas quando nos deparamos com relações cujos conflitos desembocam em abusos, que criam um ambiente tóxico, que estimula a negatividade, que derrete o que há de melhor em nós, que nos conduz ao adoecimento.
Amor e dor nunca deveriam ser conjugados juntos, mas a literatura, músicas, filmes, novelas, alimentam-se dessa relação e nos faz crer que ao normalizarmos sofrer por amor, está tudo certo, no fluxo que deve ser.
Mas não é possível normalizarmos o que nos dói, o que nos incomoda, o que nos paralisa.
No mesmo dia que realizei o maior evento que organizei na UFBA, em Salvador, na minha Bahia, terminei o meu relacionamento. Voei alto e caí de cara no chão. Alcancei dois extremos em 24h: satisfação e frustação, de prazer e de dor. Sinceramente não faço ideia como consegui sorrir por ter conseguido realizar a atividade tão difícil de ser concretizada e em paralelo, findar uma relação tão difícil de abrir mão. Naquele dia, ao acordar, eu vi que precisaria reunir minhas (últimas) forças e dar conta das duas situações.
Um ano se passou e ontem comemorei os dois feitos. Comemorei por ter me superado. Comemorei por ter resistido à saudade que me acompanhou todo o tempo e por ter me livrado de toda a tensão que vivi estando ao lado de alguém que me amava e me odiava ao mesmo tempo. E era muito surreal ser amada e odiada com a mesma intensidade. Sofri por perder o amor que conquistei. Sofri por entender o ódio que alimentei. E nesse 1 ano eu me libertei dessa "sofrência", que é digna de um bom samba, pagode, arrocha.
Não, eu nunca vou concordar que amor e dor devem ser um combo. Que se combinam. Eu sou romântica. Amo tudo o que o amor nos provoca e o amor não provoca e não deriva dor ou angústia. Quando isso acontece não é amor e é por isso que precisamos nos cercar de autocuidado, de buscar rede de apoio, fazer terapia cuidar de nossos gatilhos, de nossa carência, de nossa autoestima. Relacionamentos abusivos devem ser identificados e combatidos. Ninguém precisa sofrer tanto para entender que deve se separar para voltar a sorrir.
O dia 21 de março de 2024 me fez feliz e muito triste. Lamentei demais a separação forçada, mas hoje reconheço que dei o melhor de mim para mim e para ele. Tenho certeza que ao fim e ao cabo, ele me agradece por ter feito essa escolha, ainda que não compreenda (ou não aceite) o nível de adoecimento que mutuamente desenvolvemos entre nós dois e a nossa "mania" de um pelo outro.
O dia 21 de março de 2025 me fez feliz e muito aliviada. Por ter sobrevivido ao caos. Por estar com 2 meses de Unilab e muito adaptada ao novo ambiente, com turmas amorosas de estudantes africanos que nunca imaginei que poderia conviver, estando na Bahia. Também por estar sorrindo com meus percalços, com minha serenidade, com a paz que me cerca durante o dia e também quando adormeço.
Amor e dor não combinam. Liberdade e paz, sim, são o verdadeiro sentido de existência para qualquer ser humano. Agradeço por todos os aprendizados e o trocadilho dos números me faz crer que 12 e 21 simbolicamente me remetem a coisas boas, a uma sorte que vem da minha espiritualidade, da minha ancestralidade, da minha relação com meu pai. Meus 12 anos convivendo com ele me ajudam a continuar enxergando o bem, o bem viver.
No comments:
Post a Comment